Para K, eu e G. H.

Para K, eu e G. H.
(Foto: Maureen Bisilliat)
  Querida K. Querida! Espero que esteja tudo aberto por aí. Aqui, apesar dos escombros do país e do mundo, esperança total, totalizante. Estive em Sampa na sexta, mas fui num pé e voltei noutro. Tudo lindo, mas ainda preciso estar comigo, ainda preciso estar com G. H. – que me ilumina a cada novo dia em que vou ao seu encontro. Continuo criando o filme, claro! Ponho na gaveta e tiro, releio e escuto sons que não havia percebido antes, aquelas coisas, é como reler um livro que amamos, mas que, a cada releitura, nos leva a paisagens que nos passaram invisíveis à primeira leitura. Isso então não significaria dizer que seria ao contrário, é o filme que continua me relendo? A obra nunca termina, não é isso, K? Somos incompletos! E se pensarmos o cinema como um conjunto de sensações que refletirá nossa “solidão necessária” – como dizia Rilke, ou como reflexo de nossa “maneira de estar no mundo” – como dizia Pessoa, nos sentiremos felizes diante do mistério. O mistério é muito mais doce que o resultado. Ahhhhh... Tanto faz a forma de nomear aquilo que não tem nome. O fundamental é vencer-se! Vencer o quê? A nós mesmos, K! Vencer ao que a sociedade que aí está teima em nos definir, nos adaptando, nos fazendo esquecer a nós mesmos. A luta é por resistirmos aos mecanismos que nos são impostos e que insistem em nos iludir sobre quem somos. Quem somos? A luta é (e será sempre!) contra a manipulação provocada pelo medo dessa resposta, pelo medo de algo que não existe nos comerciais de TV, algo inominável. Mas isso é qu

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