Os loucos parecem eternos

Os loucos parecem eternos
Maura Lopes Cançado, escritora mineira (Reprodução)
  Ela se dizia uma mulher bonita e com uma inteligência acima do normal. Sonhava em ser escritora quando chegou ao Rio de Janeiro, no final dos anos 1950. Trabalhou na redação do Jornal do Brasil, onde conviveu com figuras como Reynaldo Jardim, o poeta Ferreira Gullar, o artista plástico Amilcar de Castro, um dos responsáveis pela reforma gráfica e editorial do jornal naquela época, o crítico Assis Brasil, que se interessou vivamente por seus contos, e muitas outras pessoas. A arte de vanguarda tinha seu ninho de discussão no Suplemento Dominical, onde, entre outras coisas, o poeta Mário Faustino assinava a revolucionária página “Poesia-Experiência” e onde também foi publicado, em 1959, o famoso Manifesto Neoconcreto. Essas poucas referências ajudam a dar a dimensão da criatividade daquela geração e o sonho de tornar pública a discussão artística. E foi nesse meio, em plena efervescência cultural, que a jovem mineira Maura Lopes Cançado arranjou seu primeiro emprego no Rio de Janeiro, depois de uma tumultuada passagem por Belo Horizonte e uma infância marcada pela violência em sua cidade natal, no interior de Minas Gerais. Quando digo tumultuada, refiro-me à vida errática que a jovem Maura levou na capital mineira e que a fez internar-se num sanatório. As referências estão no seu próprio diário, que ela escreveu já no Rio de Janeiro, no final dos anos de 1950, quando interna do Hospital Gustavo Reidel, no Engenho de Dentro. Durante muito tempo, sua pequena obra – Hospício é Deus (Diário I), publicada em 1965, e O sofre

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