O igualitarismo no espectro da direita
O economista francês Thomas Piketty (Foto Emmanuelle Marchadour)
O pensamento conservador, instruído ou anedótico, não costuma se preocupar em diminuir a desigualdade econômica. As diferenças de renda e riqueza são vistas nesse espectro político como resultado esperado do aproveitamento desigual de oportunidades, desde que tais oportunidades estejam disponíveis. Segue: a meritocracia garante a intensidade e a inovação no labor.
Um dos feitos mais impressionantes de O capital no século XXI, do economista Thomas Piketty, é justamente expor na linguagem e na lógica do pensamento conservador a tendência do capitalismo de intensificar a desigualdade econômica, trazendo para o espectro da direita uma temática que sempre foi fortemente associada ao da esquerda. A tendência geral que Piketty identifica, que, segundo o economista conservador Larry Summers, é tão importante quanto a ideia da evolução de Darwin e a concepção keynesiana de demanda agregada, é: naturalmente no capitalismo a taxa de crescimento econômico torna-se sistematicamente inferior à de retorno sobre o capital, geralmente controlado por aqueles que já são ricos sob a forma de propriedade e ações.
Assim, independentemente dos níveis de esforço dos indivíduos economicamente ativos e de uma cultura do mérito, os ricos se tornarão pela natureza do sistema cada vez mais ricos - aliás, super-ricos. Publicada originalmente em setembro de 2013 e com lançamento previsto no Brasil para este mês, a obra de Piketty identifica a partir de análises de séries históricas de declarações de renda e capital em dezenas de países d
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