Juntos venceremos

Juntos venceremos
  O visitante da Exposição Universal de Paris, em 1900, tinha de procurar muito para encontrar a mostra mais explosiva de todas. Ao ar livre, a Exposição se espraiava pelo vasto parque de diversões do Champ de Mars, ao pé da Torre Eiffel, pintada de amarelo gritante; por baixo dela, os estandes exibiam os últimos lançamentos em matéria de descargas de privada, metralhadoras e teares industriais. Bem à vista de todos, o mundo oficial celebrava “O Triunfo da Indústria e do Império”, enquanto em uma rua lateral se tratava, em salas abarrotadas, das questões humanas levantadas por esse triunfo. Os organizadores do evento deram a esse espaço secundário o nome de musée social, um museu social, um Louvre do trabalho, destinado a mostrar de que maneira o capitalismo faz o que tem de fazer. Os expositores apresentavam de maneiras diferentes suas respectivas salas, dando ao espaço como um todo o nome de La question sociale – “A questão social”. Nenhum curador de museu moderno jamais apresentaria uma mostra dessa maneira. Um curador moderno paga uma fortuna por uma tela com sangue humano ressecado, sendo este objeto “transgressor” apresentado como algo que faz uma “proposta” social. As propostas feitas nas salas da exposição parisiense assumiam sobretudo a forma de documentos e mapas afixados à parede. Em uma delas viam-se os mapas da pobreza em Londres traçados por Charles Booth, “as relações de classe da cidade estabelecidas, rua a rua, em camadas brilhantes de riqueza e escuras massas de pobreza”. Os alemães exibiam documen

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