O futuro e as eleições
(Arte Revista CULT)
Toda vez que se aproxima uma eleição, volta à memória o que a tradição crítica disse sobre a democracia liberal. Tudo o que, desde Marx e Engels, foi demonstrado a respeito da verdadeira natureza – limitada e perversa – dos instrumentos políticos da burguesia. As diversas comprovações, desde o século 19, de que o envolvimento do povo no sufrágio universal poucas vezes é mais do que a legitimação de sua própria dominação. Enfim, um conjunto de teorias e fatos que não nos deixam ter muita esperança quanto aos efeitos práticos do resultado que vem das urnas.
No entanto, contra o peso dessas constatações, ergue-se sempre uma espécie de urgência histórica, pontual, imediata, como uma ameaça que tem nomes e formas bem mais concretas do que costumamos encontrar nos debates teóricos. Quero dizer: apesar de sabermos que não se pode esperar grandes avanços sociais das urnas, acabamos envolvidos, de alguma maneira, pelo ritmo das campanhas, tomando posições e até entrando em brigas pelo “nosso candidato” que, se não é grande coisa, ao menos parece nos proteger do que há de pior nos demais candidatos. É a lógica do “menor pior”, a escolha que se pauta por preferir “dos males, o menor”.
É evidente o amesquinhamento político dessa posição, ainda mais quando colocada em contraste com o pano de fundo das teorias revolucionárias anticapitalistas. É como se, diante da necessidade de demolir uma estrutura corrompida de alto a baixo, aceitássemos apenas mudar os móveis de lugar. Mas é o que temos feito, ou melhor, t
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