O bolsonarismo e o Partido dos Trolls

O bolsonarismo e o Partido dos Trolls
(Ilustração: Daniel Trench)
  Ao lado de bases políticas convencionais nas bancadas da bala, da Bíblia e do boi, uma força até então pouco conhecida pelas ciências sociais mostrou-se essencial na condução de um inexpressivo deputado extremista, misógino, militarista e homofóbico à presidência da República: o Partido dos Trolls. A principal operação retórica da trollagem de internet é a ambiguidade: raramente se determina se o que está sendo dito é sério ou não – e isso garante denegabilidade automática caso o enunciado seja questionado ou desmentido, além de oferecer o humor necessário para manter a atenção do espectador/leitor no mundo volátil das redes. A extrema-direita se tornou fluente nessa língua num contexto no qual sua agressividade era retroalimentada pela cultura do cancelamento na esquerda. Foi nessa dinâmica que o bolsonarismo conquistou o domínio das redes sociais. Das que importam, pelo menos: o Whatsapp, o YouTube e o Instagram, já que o Twitter é pra quem se importa com furos e ninguém que importa se importa com o Facebook.  “Redes sociais” nem sempre foi sinédoque de “internet”. A ascensão do lulismo em 2003 aconteceu durante a consolidação dos primeiros blogs brasileiros, não apenas sobre política, mas sobre viagens, esportes, culinária, variedades. Esse momento de otimismo e criatividade com o potencial das redes para democratizar as comunicações não se desenrolou livre de captura pela máquina de cooptação lulista – como seria o caso nos chamados blogs progressistas, formados por ex-jornalistas, apparatchiks do P

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