“É preciso aprender a voltar para casa”

“É preciso aprender a voltar para casa”
Cerimônia em terreiro do Rio de Janeiro, em 1971 (Foto: Arquivo Nacional)
  Pra quem tem casa/fé, a vida nunca tem fim… Nas caminhadas em busca de conhecimento e de uma insaciável liberdade intelectual, em um domingo ensolarado, típicos domingos cariocas, fui na companhia de uma filósofa amiga a uma casa de candomblé angola para assistir à palestra de um convidado muito especial: sr. Nêgo Bispo.  Na ocasião, aquele espaço mexeu muito com a minha energia. Ora era um misto de reconhecimento daquela energia que me afetava, ora era uma sensação de estranheza, de incompreensão: por que eu estava me sentindo daquela forma? Isso posto, quero demarcar o impacto das palavras que foram proferidas pelo palestrante no chão daquele território sagrado. Nêgo Bispo é um filósofo quilombola piauiense que muito tem inspirado e revolucionado o pensamento social brasileiro e acadêmico. Com sua simplicidade, alegria e discernimento, trouxe para nós, jovens ávidos por conhecimento e amantes da revolução intelectual, tantas reflexões e inspirações a partir de sua práxis quilombista e amparado naquele território sagrado que nestas breves linhas eu não seria capaz de descrever.  Mas o que me tocou foi a mensagem deixada por ele, que hoje se torna título desta reflexão e me leva também a apresentar a você, leitora e leitor, o que eu tenho sentido e pensado desde aquele dia em que o filósofo nos disse: “Vocês precisam aprender a voltar para casa.  É preciso aprender a voltar para casa”.  Ele se referia, naquela ocasião, à quantidade de jovens que saem de suas comunidades para estudar ou trabalhar e

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