Nova direita, velha formação

Nova direita, velha formação
  No clássico do cinema político Danton, de Andrzej Wajda, podemos observar a ação do herói burguês da Revolução Francesa para transformar a sua derrota, e o seu assassinato pelo Estado jacobino que tentava se constituir, no texto político investido, que deve ligar-se socialmente à força da classe e que deve chegar a derrotar aquele próprio Estado adversário. Empenhando a sua condenação como exemplo da verdade do inimigo, tirando daí a máxima contradição social das forças então predominantes, operando e convocando o poder através de um discurso extraordinário, Danton constitui a energia política do que deve animar os textos futuros e a ação da própria classe, levando à deslegitimação total do inimigo, e, no tempo propício, derrotando-o. O movimento real é o da disputa concreta entre as classes, e sua estabilização em uma posição histórica. Mas a obra nos mostra como a produção da ideologia, e seus misteriosos rituais de linguagem, é ação política forte e positiva, na qual aquela luta se representa e se atualiza. No filme, em sua forma, discurso e sacrifício, uma figura política muito antiga, nos limites do campo mais profundo do teológico político, são articulados para produzir as forças de ideais que levarão à vitória do herói burguês, morto, mas vivo politicamente enquanto morto, incorporado inconscientemente como estrutura simbólica da própria realidade política burguesa, que um dia se tornará hegemônica. Trata-se de um rigoroso exercício de entendimento das origens e da produção da energia política qu

Assine a Revista Cult e
tenha acesso a conteúdos exclusivos
Assinar »

TV Cult