José Luis Mora Fuentes, o jardineiro da casa

José Luis Mora Fuentes, o jardineiro da casa
A escritora HIlda Hilst com José Luis Mora Fuentes (Foto Instituto Hilda Hilst)
  Mora Fuentes chegou à Casa do Sol, morada de Hilda Hilst, em 1968, com 18 anos, mas já dedicado à literatura. Um ano depois, HH enviava ao escritor e também amigo Caio Fernando Abreu a “novela” Osmo, e ele a saudou como “uma coisa realmente nova: ri feito uma hiena e depois o texto ganha em angústia e desespero”. Caio entende que Osmo derruba a estrutura de “mal-entendidos literários” e “faz montes para a dignidade da linguagem, o estilo, as figuras, os ritmos”. Durante anos julguei escutar a voz sarcástica de Osmo como sendo a de Mora Fuentes, cheia de ironias e piadas com o espírito pequeno-burguês (Ah! O que o Mora não diria dos apoiadores do golpe de 2016? Quanta risada eu perdi). Hilda dizia que a novela era uma “ascendência solitária de Beckett”, mas localizo aí o início de uma influência recíproca. Em 1970, depois de muito escrever e reescrever, Mora publica seu primeiro conto no suplemento literário do Estadão: A e B Incomensurável, algo próximo do estilo mordaz de Cortázar (com quem Mora se parecia fisicamente), mas com o incomensurável de HildaZé. Como convivi com os dois, vez em quando me perguntam sobre a inspiração de Hilda na obra de Zé Mora Fuentes, mas me lembro logo das tantas influências no sentido contrário: “Matamoros” (do livro Tu não te moves de ti) era o nome de uma antiga namorada do pai do Zé; Estar sendo. Ter sido retrata o Zé em três personagens diferentes e um deles é o próprio Mora: “(...) como rimos aquele dia e ... onde está o Mora? Com a mulher, com o filho, esc

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