“Lyotard é o filósofo da despossessão”
divulgação / RCJ
Nesta entrevista, Salanskis – que trabalhou com o filósofo francês entre 1977 e 1983 – desmistifica leituras dos estudos de Lyotard sobre a pós-modernidade, fala sobre a influência da psicanálise em sua obra e aborda a proposta de uma filosofia lyotardiana que recusa um caráter edificante da lógica.
O senhor desenvolveu pesquisas sobre o pensamento de Jean-François Lyotard, também sobre filosofia da ciência e matemática, e tem uma importância grande nesse movimento, creio que recente, de pôr Lyotard em evidência. Como se deu sua inserção no domínio da filosofia e, sobretudo, qual é seu interesse pelo pensamento de Lyotard?
Em primeiro lugar, vim para a filosofia a partir de uma formação em matemática. Fui, como dizem os ingleses, “trained as a mathematician”. Por isso, acabei me voltando para a filosofia, algo que decidi fazer quando tinha 16 anos. Esse é o primeiro aspecto das coisas. O segundo é que, por acaso, eu era vizinho de Jean-François Lyotard desde os oito anos de idade. Há uma explicação sociológica para isso, que é o fato de que, no final da década de 1950, os bancos começaram a autorizar empréstimos a funcionários públicos e professores. Antes disso, os bancos não confiavam nos professores (risos).
Os Lyotard, como meus pais, aproveitaram a oportunidade para comprar um apartamento nos subúrbios do sul, a 12 quilômetros de Paris, em Antony. Assim, em 1959, meus pais, Lyotard, sua esposa e as duas filhas se mudaram para Antony ao mesmo tempo.
Ao longo dos anos, ele sempre encarnou para mim a postu
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