Liberdade, liberdade, abre as asas sobre nós?

Liberdade, liberdade, abre as asas sobre nós?
“Negros lutando, Brasil”, de 1824, de Augustus Earle (Reprodução/Domínio público)
  Quando a Independência do Brasil foi declarada, este era o maior país escravista do mundo. Depois dela, o tráfico atlântico de africanos escravizados só se intensificou. Aqui existia uma das maiores populações de cativos das Américas e a maior população livre de descendentes diretos de africanos. Comerciantes brasileiros lideravam o ramo do comércio de cativos e mantinham estreitas relações mercantis e familiares com habitantes de cidades na África, tanto na costa quanto nas rotas internas. Nosso país nasce como nação no século 19, anunciando que trilharia o caminho de uma monarquia constitucional, mas mantendo a escravidão e, durante todo o Primeiro Reinado, o tráfico atlântico de africanos escravizados como atividade legalizada, apesar dos tratados com os ingleses desde 1810 e dos compromissos do Congresso de Viena em 1815. No Almanaque do Brasil nos tempos da Independência, de Jurandir Malerba, podemos ler o artigo 10 do Tratado de Aliança e Amizade, no qual o soberano português se declara “plenamente convencido da injustiça e má política do comércio de escravos”. As conexões com a África eram tão estreitas e intensas que, logo após a declaração de independência, houve tentativas de adesão ao Brasil, capitaneadas por comerciantes e lideranças locais nas cidades de Luanda e Benguela, em Angola. Pretendendo se unir ao Brasil, a maior parte dos insurgentes contra o domínio português daquelas praças era de pessoas negras e mestiças, brasileiras e nativas, e sobre elas desabou uma forte repressão, com prisões e expul

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