A festa que inventa a nação: comemorações públicas da Independência nacional na Bahia

A festa que inventa a nação: comemorações públicas da Independência nacional na Bahia
“Armazém no Cais do Valongo”, início do século 19, de Thierry Frères (Reprodução/Domínio público)
  Todos os anos, no dia 2 de julho, as ruas de Salvador, capital baiana, são palco de uma animada comemoração cívico-popular. A data marca a derrota das tropas portuguesas nas batalhas que ocorreram na Bahia e asseguraram a Independência do Brasil. Com as ruas enfeitadas de adereços azuis, vermelhos e brancos – as cores da bandeira da Bahia – e folhas de cróton verdes e amarelas, a população sai às ruas para recontar, a seu modo, a saga da ruptura institucional da condição colonial que está na fundação dos estados nacionais nas Américas. No caso brasileiro, o fim do domínio português só se consolidou entre 1821 e 1823, depois das lutas ocorridas mais ao norte do país, especialmente na Bahia. Cenário de batalhas decisivas, cercos e mortes, que garantiram a expulsão dos navios portugueses da baía de Todos os Santos, a província da Bahia recebeu a condição de “berço da nacionalidade”. Nos últimos dois séculos, esse sentido de terra mater do edifício nacional fez das festas da Independência ensejo de reprodução de certo orgulho patriótico de caráter local. O fato de o Brasil ter-se tornado independente em território baiano tem sido fundamental para o reforço do sentimento de pertença nacional, de um civismo popular encenado coletivamente. Desfeita a ordem imperial e instituída a República, as comemorações pelo fim do domínio colonial persistiram e nos atravessaram até o século 21. A longevidade da festa é intrigante e nos põe a pensar sobre as raízes históricas e culturais que a sustentam. Daí ser fundamental

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