Com Khan, Lucia e Juan: cuidando de filhos bastardos
O psicanalista em Los Angeles, nos anos 1970 (Foto: Stoller Family Collection / Com agradecimentos a Jonathan Stoller e Linda Hopkins)
“Cada sessão de análise é uma condensação de histórias múltiplas, nas quais política, subjetividades e corpos se confundem.”
Luiz Eduardo Prado
“... de meu lado acho verdadeiramente mais rica a ideia, pouco desenvolvida, do inconsciente como aparecimento de fronteira, na mais ampla guerra simbólica e econômica entre centro e periferia da história. Lá, ou ali, na vida própria à dissolvência das fronteiras...”
Tales Ab’saber
Convido vocês a acompanharem uma leitura do texto “Cadeiras vazias, amplos espaços”, publicado por Masud Khan em seu derradeiro livro Quando a primavera chegar – despertares em psicanálise clínica, no ano de 1988. Observaremos a qualidade da intervenção clínica criada por Khan para tratar de sua paciente Lucia e seu filho Juan e, para tanto, destacaremos duas intervenções específicas: a sutileza da intervenção ilustrada pela brincadeira de adivinha que o psicanalista cria com Juan e um trecho autobiográfico presente no primeiro relatório que Khan redige para a paciente, médico, advogado e demais envolvidos no caso. Reconhecemos nesse relato a preocupação clínica de reconstruir o campo relacional dos pacientes, desde a relação dual promovida pelo par analítico até sua teia de sustentação afetiva mais ampla na vida e na cultura, e, da mesma forma, nossos recortes incidem nestes dois campos de ação.
O texto é dividido em dois momentos clínicos, intitulados a partir do nome do paciente da vez. Temos então uma primeira parte nomeada Lucia e uma segunda, Juan. Em 1974, Khan atende
Assine a Revista Cult e
tenha acesso a conteúdos exclusivos
Assinar »