‘Temos que nos aproximar do leitor que não é altamente culto’, diz Marcos Flamínio

‘Temos que nos aproximar do leitor que não é altamente culto’, diz Marcos Flamínio
O jornalista Marcos Flamínio Peres (Foto: Nelson Mello)

A terceira mesa do 4º Congresso Internacional CULT de Jornalismo Cultural promoveu a discussão sobre o tema “Uma revista é um dispositivo cultural para os leitores?” e teve como protagonistas Sophie Guignard, editora da revista Les Inrockuptibles na Argentina, Marcos Flamínio Peres, diretor de redação da revista CULT, e Alcino Leite Neto, articulista do jornal Folha de S.Paulo, sob a mediação de Welington Andrade, doutor em literatura pela USP e professor na Faculdade Cásper Líbero.

Flamínio remontou o nascimento do jornalismo cultural no século 19 que, segundo ele, teve seu início na crítica literária pautada na oposição entre os romances considerados eruditos e folhetinescos, e, por consequência, na oposição entre o leitor popular e o culto. Ele, no entanto, critica esse tipo de separação: “De algum modo temos que nos aproximar de um leitor que não seja altamente culto. É da natureza do jornalismo cultural lidar com a baixa cutura. Esse é o grande desafio”.

Neto concorda com a crítica de Flamínio e acrescenta: “O jornalismo cultural contemporâneo apenas elenca e noticia desdobramentos, mas não avalia ou reflete sobre os produtos. Ele trata o leitor como um idiota midiático, que vai consumindo aquilo tudo sem nenhuma análise”, declarou ele, que acredita que a cultura popular, por dominar o interesse da população, deva ser tratada com mais frequência e mais analiticamente.

No entanto, assim como advertiu Guignard, a popularização de assuntos tratados deve ser feita sem que se perca a qualidade do veículo. A jornalista citou como exemplo o caso da revista norte-americana Rolling Stone: “A publicação, ao se popularizar, acabou perdendo seu público, sendo obrigada a retomar as reportagens mais elaboradas pelas quais foi tão conhecida nos anos 60”.

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