Horror de música
Autora do hit dos anos 1970 (Don’t Fear) The Reaper e citada como a maior influência do Metallica, a banda Blue Öyster Cult vem ao Brasil pela primeira vez em seus 45 anos. “Não tenho ideia de como é nossa base de fãs aí, mas estou animado. Se o público for parecido com o do Rush in Rio, meu DVD favorito, gravado pelo Rush no Rio de Janeiro em 2002, ficarei realizado”, diz à CULT o vocalista Eric Bloom. Algumas letras, baseadas em literatura de horror, contam com inspirações de escritores como Edgar Allan Poe e H. P. Lovecraft.
Confira abaixo a entrevista exclusiva que o vocalista Eric Bloom concedeu à redação da CULT:
CULT – A banda está em atividade há 45 anos. Qual o segredo para a longevidade num ramo tão difícil?
Eric Bloom – Bem, não acho que haja um segredo. Buck e eu gostamos de tocar, apreciamos isso, nos divertimos, respeitamos as habilidades um do outro, e há uma demanda para continuarmos tocando, então continuamos. E eu tenho certeza de que nós dois pensamos que isso é o suficiente, e aqui estamos 40 anos depois ainda fazendo isso.
Há algum objetivo na indústria musical que você sente que ainda não alcançou?
Seria legal ter uma música nº 1, eu acho – nunca aconteceu. E eu realmente não me importo com o Salão da Fama do “Rock ‘n’ Roll Hall of Fame”, mas seria bom ter o respeito deles e ser levados para lá.
Vocês estão sempre fazendo tour. Se divertem?
Absolutamente. A única desvantagem são as viagens. Se você anda de avião, sabe o que quero dizer: a segurança, aviões superlotados, aeroportos, malas perdidas, coisas do tipo.
Então suponho que você não tenha tempo para fazer turismo…
Muito pouco. Todos que não estão familiarizados com o que fazemos podem dizer ‘ah, você é tão sortudo, vai pra Los Angeles, Havaí, Japão, Brasil’. Mas na maioria das vezes ós chegamos, vamos ao hotel, fazemos testes de som, comemos alguma coisa e, então, se tivermos sorte, talvez sobrem poucas horas antes de show.
Quanto tempo vão ficar no Brasil?
Apenas um dia. É realmente uma pena, porque nunca estive aí, e adoraria ver tudo. Mas espero poder voltar e apreciar o país um pouco mais como turista ao invés de trabalhar.
Como você acha que é sua base de fãs aqui?
Eu não tenho ideia de como são nossos fãs no Brasil. Eu realmente não sei. Nunca estivemos aí, e posso apenas esperar que haja alguns fãs, e que as pessoas estejam familiarizadas com nosso material, ou talvez que haja alguns curiosos que queiram assistir nosso show.
Estamos ansiosos para ir ao Brasil, mas não sabemos o que esperar. Um dos meus DVDs favoritos é o Rush in Rio [DVD da banda canadense Rush, gravado no Estádio do Maracanã em 2002], e apresenta um público incrível. Então se for algo perto disso, ficarei muito feliz.
Quanto tempo antes do show começar vocês decidem o set list?
Entre 20 minutos e uma hora antes do show. Nós não tocamos a mesma coisa todas as noites, somos diferentes da maioria das bandas, algumas fazem um único set list para toda a turnê e não modificam em nada. Nós mudamos todas as noites, é relativo.
A maioria das músicas é de um único período?
Temos algumas músicas que tocamos o tempo todo, aquelas que são as mais óbvias, os hits mais populares. O restante é formado por algumas canções antigas, do início da carreira, outras recentes, dos últimos álbuns, e tudo o que se encontra entre estas.
Vocês ainda gostam de tocar (Don’t Fear) The Reaper, provavelmente o maior hit da banda?
Nós temos que tocá-la todas as noites, o público espera por isso. Nós ainda nos divertimos com ela, porque causa uma reação muito boa. Estamos contentes em tocá-la e estamos orgulhosos do fato de termos feito um par de hits, então queremos tocá-los.
Você pode descrever como soa uma música clássica do Blue Öyster Cult?
Não (risos). Quero dizer, nossas músicas são um tanto diferentes das músicas pop, somos difíceis de categorizar porque as pessoas nos rotularam como uma banda de metal, mas nunca pensei assim. Acho que somos mais como uma banda de hard rock, mas também temos canções mais suaves. Porém eu acho que é nosso conteúdo lírico que nos torna diferentes.
As letras parecem ter um significado profundo e sombrio…
Buck e eu sempre fomos fascinados por ficção científica, Stephen King, o gênero da fantasia, feitiçaria, então muitas vezes isso vaza para as composições.
Que músicos contemporâneos ouve?
Acredite ou não, gosto de Lady Gaga. Acho que ela é uma ótima cantora. Tenho um filho que tem uma banda de death metal, e tentei mostrar a ele um vídeo da Lady Gaga e ele simplesmente saiu correndo (risos). Gosto de Disturbed também. Gosto de todos os tipos de música.
Metallica uma vez citou o Blue Öyster Cult como influência musical. O que isso significa para você?
Eu amo aqueles caras. Sou um grande fã. Aliás, acho que mudei a vida do meu filho: quando ele tinha uns 10 anos – hoje ele tem 34 –, dei a ele o álbum Master of Puppets, e isso o transformou em um “metaleiro”.
Podemos esperar um CD do Blue Öyster Cult no futuro próximo?
Não tão próximo. Mas não é impossível. Nos perguntam muito sobre isso. O difícil para nós é que não temos contrato com gravadora. Então ou temos que ter uma oferta, ou produzi-lo nós mesmos e vender online. Mas estamos considerando. E trabalhamos em novas canções constantemente. É parte da doença do que fazemos. Você tem ideias para músicas, agarra uma guitarra ou senta no teclado e começa a rabiscar.
Onde: HSBC Brasil – R. Bragança Paulista, 1.281, São Paulo (SP)
Quando: 24/2
Quanto: R$ 60 a R$ 280
Info.: www.hsbcbrasil.com.br