O amor na era digital

O amor na era digital
O colunista Francisco Bosco (Foto: Divulgação)
  Desde as duas últimas décadas, surgiram, no espaço digital, sites e aplicativos que propiciam matchs entre desconhecidos. Eles podem ter o objetivo de propiciar relações duráveis, casamentos ou encontros efêmeros meramente sexuais. Entre os primeiros, um dos maiores do mundo é o eHarmony. Fundado em 2000 por um psicólogo americano, o eHarmony atua em 150 países, declara ter cerca de 33 milhões de membros e afirma que, por meio de seu site, mais de quinhentas pessoas se casam todos os dias, apenas nos Estados Unidos. O “diferencial” da empresa está no algoritmo desenvolvido por ela, baseado no postulado de que a identificação de características pessoais permite associar os indivíduos por um princípio de compatibilidade e produzir relacionamentos mais satisfatórios. Em uma palavra, o princípio orientador do site é o de que “opostos atraem, depois atacam”. Tentemos pensar o que o sucesso dessa página – e de outras análogas – pode revelar enquanto sintoma social, bem como pensar sua pertinência teórica e suas possibilidades e limitações práticas. Alain Badiou inicia Elogio do amor contando ter ficado impressionado com uma publicidade de um site de encontros francês, o Meetic. Os slogans de sua campanha publicitária eram frases como: “obtenha o amor sem o acaso”, “pode- -se amar sem se apaixonar”, “você pode amar sem sofrer” etc. Essas frases convergem para o que Badiou chama de “concepção securitária do amor”. Tratase de uma estratégia semelhante àquela dos casamentos arranjados em sociedades pré-mo

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