Jogo dos sete erros

Jogo dos sete erros
Arte Revista CULT
  Há algumas semanas, Chico Buarque apresentou uma canção de seu novo disco, chamada “Tua cantiga”. Tenho a impressão de que, dada a polarização ideológica e político-partidária da sociedade brasileira, ele escolheu essa canção como abre-alas por ser uma peça singela, despretensiosa, com certo sabor antigo (e por ter, além disso, é claro, uma bela e contagiante melodia) – afastada, portanto, aparentemente, da chapa quente dos acontecimentos sociais e, logo, de qualquer possibilidade de desencadear a fúria da parte da sociedade para quem ele é um petralha, bolivarianista, mamador das tetas da Rouanet ou outros conspícuos epítetos do novo e sofisticado glossário do espaço público brasileiro na era das redes digitais e do antipetismo. Qual o quê. Chico não terá levado em conta que a tentativa de lavagem de quinhentos anos de roupa suja da sociedade brasileira já chegou faz tempo às alcovas. Não há lençol e travesseiro que passem incólumes pela alfândega das problematizações de minorias. A sua cantiga também não passou. Um artigo publicado por uma mulher qualificou o compositor de “datado” e apartado da subjetividade da mulher contemporânea. Como qualquer ataque a um medalhão encontra repercussão (quantos jornalistas fizeram carreira com essa premissa infalível…), logo começaram a espoucar, a seu favor e contra ele, textões nas redes digitais e matérias na imprensa tradicional. Pronto; em vinte e quatro horas já tinha se armado a treta da vez. Nas vinte e quatro seguintes, a fogueira, como sempre, esfriou. Como

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