Foucault, um filósofo que pratica histórias

Foucault, um filósofo que pratica histórias
Michel Foucault (Arquivo Agência Estado)
  Foucault pensa filosoficamente praticando investigações históricas. Uma caracterização inicial e ampla de seus trabalhos permite evidenciar algumas escolhas: primeiro, o campo destas histórias é sempre o nosso espaço ocidental; segundo, o tempo que percorrem é quase sempre aquele que vai do final do renascimento (por volta do século 16) até a nossa modernidade (séculos 19 e 20), atravessando, com especial destaque, a chamada idade clássica (séculos 17 e 18); terceiro, o trajeto reconstruído neste espaço e neste tempo tem como principal perspectiva realçar as transformações demarcando dois limiares, a saber, as passagens do final do renascimento para a idade clássica e desta para a nossa modernidade. Histórias circunscritas dentro de uma dada localização, no curso de determinados períodos e segundo certo ponto de vista, eis a moldura que cerca este quadro geral dos escritos de Foucault. Tentemos tracejar os temas contemplados no interior do quadro. Por um lado, a um olhar mais imediato, desdobra-se uma diversidade de assuntos: a loucura e o louco, a medicina clínica e o doente, os saberes das chamadas ciências humanas, a prisão e o delinqüente, a sexualidade e o sujeito ético – eis os “objetos” vários das histórias que Foucault escreve. Por outro lado, um recuo do olhar permite uma percepção de conjunto por meio da qual se revelam certos eixos comuns atravessando a diversidade temática: a questão da constituição histórica de saberes em discursos qualificados como verdadeiros e a correlata desqualificação de outros

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