Formação psicanalítica: um estranho ofício
Onde e como o pobre coitado poderá adquirir aquela habilitação ideal, necessária em sua profissão? A resposta será: na própria análise, com a qual começa a preparação para a atividade futura.
É quase como se o analisar fosse aquela terceira das profissões “impossíveis”, em que se tem certeza de antemão do resultado insuficiente
“A análise finita e a infinita”, Sigmund Freud
Essas frases, espécie de recomendação de Freud para o presente e para o futuro dos que exercem a psicanálise, serão nosso guia. Começaremos por assinalar, de forma circunscrita, como foi se estabelecendo, no desenvolvimento da psicanálise, a concepção do estranho ofício do vir a ser analista – “profissão impossível” – centrado na via longa do tripé composto de análise pessoal, supervisão e estudo teórico. A estrutura segue um modelo institucional – quarto elemento do tripé – comprometido com o princípio de que esse processo seja tecido de forma singular e mediado pelo equacionamento e trabalho das demandas transferenciais, condição potencial para “adquirir aquela habilitação ideal, necessária em sua profissão”. Desse modo, pretendemos ratificar a incompatibilidade radical entre a formação analítica – processo interminável – e os pressupostos norteadores das graduações acadêmicas, com suas formatações preestabelecidas – via mais curta –, regidas por padrões genéricos, por leis que desconsideram a força estrutural dos inconscientes e de seu móbil desejante, o motor central do trabalho do analista.
A psican
Assine a Revista Cult e
tenha acesso a conteúdos exclusivos
Assinar »