Revolução invisível

Revolução invisível
O sociólogo e político Florestan Fernandes (Acervo UFScar)
  Quem poderia imaginar que uma pesquisa acadêmica, encomendada pela Unesco e iniciada no final dos anos 1940, iria atravessar o seu século e resultar num vasto arsenal de conceitos? Ou quem imaginaria que, da primeira edição de 1989 à de 2017, o amadurecimento dos compromissos históricos de Florestan Fernandes com o movimento negro apareceria agora rejuvenescido? Note-se: não apenas diante de orientações partidárias que caducaram e que o militante – incansável e disciplinado – uma vez desobedeceu; não apenas porque a reedição vem acrescida de uma avançada proposta de emenda constitucional em 1994, de um pronunciamento de seu autor à Câmara de Deputados e de uma carta à liderança do Partido dos Trabalhadores; não apenas, talvez, por uma questão clássica de longevidade simbólica, mas tornando patente que, de resto, cada uso do termo “nova república” deveria vir sempre acompanhado de seu respectivo ponto de interrogação. Quem pensaria em mostrar que não houve nem haverá nada a esperar de alianças com a burguesia dita nacional, pois que de “nacional” só lhe resta este “nada”, resultado por subtração do papel intermediário e subordinado, histórica e socialmente localizado, à ordem social global? Numa escrita nítida e densa, precisa e combativa, este pequeno grande livro oferece ao leitor uma ótima introdução ao pensamento de Florestan Fernandes e à situação do negro na passagem do regime escravista para a ordem social competitiva. Expõe, igualmente, argumentos para voz alta, para leituras em grupo e não

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