Flip 2018 ‘será encontro de veteranos e estreantes’, diz Josélia Aguiar

Flip 2018 ‘será encontro de veteranos e estreantes’, diz Josélia Aguiar
Alguns dos autores confirmados na FLIP 2018 e Hilda Hilst, a autora homenageada nesta edição (Arte Andreia Freire)

 

“Mais artística” que a edição de 2017, segundo a curadora Josélia Aguiar, a Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP) deste ano quer apresentar ao público autores não-canônicos, fomentar discussões sobre as definições de literatura e explorar o caráter internacional da escrita. Nesta terça (5), a curadora da 16ª FLIP e dois membros do conselho diretor do festival, Izabel Costa Cermelli e Mauro Munhoz, reuniram-se com a imprensa na Pinacoteca, em São Paulo, para revelar a programação do evento.

“Será um encontro de veteranos e estreantes. Não vamos simplesmente espelhar aquilo que os suplementos e cadernos de cultura estão noticiando, mas trazer autores novos e pouco conhecidos”, definiu Aguiar, curadora da FLIP pelo segundo ano consecutivo. A edição de 2018 será reforçada pela multiplicidade de convocados, que incluem, além de romancistas, poetas, contistas, ensaístas, historiadores, cineastas, compositores, performers etc.

“A ideia é trazer o questionamento sobre o que pode ser considerado literatura”, afirma Aguiar ao revelar alguns dos participantes da edição deste ano, que acontece entre 25 e 29 de julho: o americano Colson Whitehead (Underground railroad, HarperCollins); a franco-marroquina Leila Slïmani (Canção de ninar, Planeta), a argentina Selva Almada (Garotas mortas, Todavia); a russa Liudmila Petrushevskaya (Era uma vez uma mulher que tentou matar o bebê da vizinha, Cia. das Letras) e o franco-congolês Alain Mabanckou (Memórias de Porco-espinho, Malê).

Se no ano passado a FLIP olhou para “o mundo de fora”, em 2018 a festa “se volta para o interior” com a homenageada da edição, Hilda Hilst. “Lima Barreto [autor homenageado em 2017] dialogou diretamente com as questões sociais e políticas de seu tempo, enquanto Hilda se voltou para a dimensão interna”, diz a curadora.

Por isso, os temas das 19 mesas e outras atividades da FLIP serão relacionados ao que Aguiar chama de “mundo interno”: amor, sexo, morte, finitude e transcendência. Na mesa intitulada “Poeta na torre de capim”, por exemplo, a professora Lígia Ferreira e o escritor Ricardo Domeneck discutem a falta de leitores e o silêncio da crítica; no debate “Obscena de tão lúcida”, a autora moçambicana Isabella Figueiredo e o filósofo brasileiro Juliano Garcia Pessanha discutem a escrita de si.

Quando questionada sobre a presença de discussões em torno de questões sociais como racismo e feminismo, a curadora afirmou que, embora não sejam os assuntos centrais, esses temas “com certeza vão emergir das conversas”: “Vamos falar de racismo, de feminismo, violência contra a mulher, discriminação sobre a identidade sexual, imigração, herança do colonialismo. Não se enganem achando que, com temas mais literários, esses assuntos não vão estar presentes”.

Em 2017, o número de escritoras superou pela primeira vez o de autores – e a quantidade de escritores negros chegou a 30%, número também inédito. Na edição deste ano, serão 17 mulheres e 16 homens, e praticamente a mesma proporção de autores negros.

“A gente só não gostaria que esta fosse a tônica do evento. Ano passado isso virou a notícia, o que por um lado foi ótimo, porque influenciou outras festas literárias, mas os autores querem ser reconhecidos como autores”, coloca. “Vamos tentar não transformar isso na primeira notícia nesta edição”, finaliza Aguiar.

16ª FLIP – Festa Literária Internacional de Paraty
Onde: Paraty – RJ
Quando:
de 25/07/2018 a 29/07/2018
Quanto: preços ainda não divulgados

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