Estamos indo sempre para casa

Estamos indo sempre para casa
O escritor Raduan Nassar (Foto Klaus Mitteldorf / Arte Revista Cult)
Filho de imigrantes libaneses, Raduan Nassar nasceu em 1935, em Pindorama, São Paulo. Na adolescência, veio com a família para a capital e, nos anos 60, decidido a se dedicar à literatura, se dividiu entre a produção rural e as atividades no Jornal do Bairro, semanário fundado pelos irmãos Nassar, do qual foi redator-chefe. Deixou a redação do jornal em 1974 e levou a cabo o projeto cujas primeiras anotações datavam de alguns anos: em alguns meses, trabalhando dez horas por dia, concluiu o romance Lavoura arcaica, sua obra de estreia, publicado em 1975. Quando publicou Lavoura arcaica, Raduan já havia escrito sua obra completa. É que a primeira versão de Um copo de cólera, novela publicada em 1978, fora escrita no início da década de 70 e os contos de Menina a caminho e outros textos, publicado em 1997, datam dos anos 60 – exceção feita a “Mãozinhas de seda” (produzido na década de 90). E foi só. Poucos anos após ter estreado, mais precisamente em 1984, Raduan Nassar anunciou o abandono da literatura para se dedicar exclusivamente à produção rural. Apesar de pouco extensa, entretanto, sua produção é bastante farta. Poucas vezes na literatura das últimas décadas o rigor formal e o engajamento político encontraram o simples em um universo tão poético. A obra de Raduan Nassar confirma a máxima de que um escritor escreve para morrer: não há outro destino às suas palavras senão o retorno à terra da qual brotaram. Lavoura arcaica Um dos romances mais importantes da literatura brasileira, Lavoura arcaica completa quarenta anos e

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