Raduan Nassar conversa com o contemporâneo

Raduan Nassar conversa com o contemporâneo
Baile de carnaval em Pindorama, na década de 1940, no qual três irmãos da família Nassar aparecem fantasiados: Rames (na primeira fileira, o segundo da esquerda para a direita); Raduan (ao lado) e Raja (centralizado, na fileira de trás). Foto cedida com exclusividade pelo escritor a Revista CULT
  No dia 30 de maio de 2016, foi amplamente noticiado que Raduan Nassar venceu o Prêmio Camões. Naquele mesmo ano, o autor já havia sido surpreendido com a informação de que o seu livro Um copo de cólera, de 1978, ficara entre os finalistas do Man Booker International Prize, graças à tardia tradução para a língua inglesa operada pela editora britânica Penguin. Curioso lembrar que parte da sua produção literária já havia sido traduzida para o alemão, o francês e o espanhol na década de 1980 e que o autor, em 2016, já tinha abandonado a carreira literária há quase quarenta anos. Talvez a sobrevivência dos bons livros dependa muito mais do fato de eles dizerem uma coisa diferente para cada leitor, do que de conseguirem repetir o mesmo significado para uma geração inteira. Isso explica, em parte, por que só no ano passado a obra de Nassar chegou ao mundo árabe. Elaborado especialmente para a 32º Bienal de São Paulo, o trabalho intitulado “Sósia”, do libanês Rayyane Tabet, tinha como um dos objetivos a tradução. A princípio, a concepção da obra do artista partiu de dois acontecimentos particulares. O primeiro foi um percentual numérico forjado, transmitido para Tabet quando jovem, dizendo que sete milhões de libaneses – o dobro da população do Líbano naquele momento – vivia no Brasil. No imaginário do artista, que vive em Beirute, era como se cada cidadão libanês potencialmente tivesse um duplo brasileiro capaz de um gesto solidário perante a iminência e a violência do presente, um tipo de colaborador para aquele

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