Em busca de uma identidade brasiliana
(Colagem: Claudia Roquette-Pinto)
As teorias e os movimentos feministas são concepções de duplo investimento: analítico e empírico. Isso acontece porque reúnem em suas perspectivas teoria e prática, compondo-as como práxis, como poderosas ferramentas de análise que leem as relações de forças patriarcais – e, por decorrência, também antidemocráticas – que compõem o sistema estrutural de dominação sexista. Já é sabido que a desigualdade e a violenta dominância do sexismo se perpetuam pela permissividade de tal cultura androcêntrica, que implica subalternização de mulheres e de outros sujeitos lidos numa ótica sexista e/ou heteronormativa.
Embora estrutural, a subalternização varia de acordo com as conexões com outros sistemas de dominação que se articulam e reforçam o patriarcado, como o racismo, o etnocentrismo, a exploração e a espoliação econômicas. Por essa razão, o objetivo dos feminismos é transformar a sociedade em espaços paritários, justos e democráticos. Desqualificá-los ou sectarizá-los é um meio funcional para manter a distância o maior número de pessoas e grupos de suas análises e práxis, de forma que fiquem, consequentemente, em seus “devidos lugares”, seja de subordinação ou de pleno status de cidadania. A tentativa de transformar essa cultura será tanto mais eficaz quanto mais as teorias e movimentos feministas puderem se debruçar sobre essa realidade concreta, seus contextos e arranjos de subalternização. Mesmo que em menor escala e em condição de privilégio, muitos homens são impactados negativamente por esses sis
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