A derrota é algo que se constrói a frio

A derrota é algo  que se constrói a frio
(Foto Antonio Cruz / Agência Brasil)
  Diante da situação de golpe iminente, há de se perguntar como se constrói uma derrota dessa magnitude. Pois é preciso errar muito, de forma sistemática, para chegar a esse ponto. Nem sempre a esquerda no poder tem a capacidade de desenvolver as virtudes da autocrítica. Ela teme se enfraquecer diante da urgência dos embates, dar espaço para seus oponentes, venham de onde vier. No entanto, esse exercício de autocrítica é o que há de mais urgente. Lembremos como nenhuma vitória real foi feita sem sentir o gosto amargo do sorriso do usurpador, a falta de ar provocada pelo desabamento dos horizontes outrora tão estáveis. Toda verdadeira vitória é fruto da meditação profunda sobre nossas derrotas. Ela reverbera o desejo animal de nunca mais ser derrotado. Por isso, só vence quem caiu e clama com paciência e desespero por uma segunda chance. Ela virá, mais cedo do que esperamos. Ela virá, se a derrota alimentar a clareza de nosso julgamento, a consciência implacável dos desvios. Pois há os que choram e há os que sabem que a derrota é o fogo alto que forja o aço de nossa vitória. Mas para vencer é necessário ser seu mais cruel juiz. A falácia da conciliação Quando contarmos nossa história recente, entenderemos como a Nova República foi um dos momentos de maior covardia política da história brasileira. O fim da ditadura foi feito através da capitulação das forças democráticas a um modelo de conciliação política que serviu para paralisar todo ímpeto mais profundo de mudança. Modelo que serviu apenas para degradar todo ator

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