Da “personalidade autoritária” ao “novo radicalismo de direita”
A análise do autoritarismo não é um tema episódico ou superficial na obra de Theodor W. Adorno. Como um fio vermelho, ela acompanhou as diversas fases de seu pensamento, bem como os variados âmbitos de sua produção, da dissertação filosófica à crítica musical, passando pelos trabalhos mais especificamente voltados para a compreensão psicossocial do antissemitismo, da mentalidade etnocêntrica e do potencial subjetivo de adesão a plataformas políticas antidemocráticas. Caso maior dessa faceta de sua atuação são os estudos da obra A personalidade autoritária, elaborados nos anos 1940 e publicados em 1950. Esse trabalho seminal será uma das referências principais de Adorno no final da década de 1960, quando esteve às voltas com um crescente movimento autoritário de direita, na Alemanha. Tentarei, aqui, traçar algumas das linhas fundamentais desse arco de pensamento.
Antes de tudo, é preciso lembrar que a A personalidade autoritária foi concebido e desenvolvido nos Estados Unidos, durante o exílio de Adorno, que se seguiu à implantação do regime nazista na Alemanha. Adorno fez uma boa síntese rememorativa desse percurso em seu artigo “Experiências científicas nos Estados Unidos”. Por ora, é essencial indicar que esse período estadunidense, rico em pesquisas empíricas nas áreas de estudos de audição musical e de configuração da subjetividade política, foi também o momento da redação conjunta, com Max Horkheimer, de uma das principais obras filosóficas de Adorno e da tradição da Teoria Crítica: Dialética do escl
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