Crise e alucinose: anticomunismo do nada
A crise política e seu grau de alucinose irracional (Arte Andreia Freire / Foto Oswaldo Corneti / Fotos Públicas)
É um consenso do campo político democrático e progressista brasileiro – aquele que poderíamos definir, em um grau zero de posicionamento, como comprometido ética e juridicamente com os direitos humanos universais – que nosso longo último período de exceção antidemocrático, o da grande ditadura civil-militar de 1964-84, não foi suficientemente nem corretamente elaborado. Em uma certa medida simbólica importante, aquele regime ditatorial não foi transformado em linguagem, lei e psiquismo, no processo público de construção da democracia brasileira recente. A história concreta de nosso trabalho social, psíquico e ético, de nossa saída da ditadura, o período contemporâneo conhecido como redemocratização, não implicou uma profunda e verdadeira democratização das mentalidades e do fundo autoritário brasileiro, uma entidade nacional que tem profundidade histórica de longa duração.
A norma do barramento da memória que pudesse fazer efeito público legal, e a suspensão de uma justiça de transição legítima o suficiente, pela Lei da Anistia de 1979 – para muitos uma lei extorquida pelo campo autoritário com o interesse estrito de impedir a punição dos homens de Estado envolvidos em assassinatos, desaparecimentos e torturas de brasileiros –, foi plenamente vitoriosa no desenho e no controle do processo jurídico da transição democrática a respeito das grandes violências ditatoriais. E essa situação concreta excêntrica do impedimento do direito da democracia de julgar a ditadura, pelo direito mais forte da ditadura de tutel
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