A Clínica Aberta de Psicanálise, o Grupo Analista e o Analista Grupo
A Casa do Povo, no bairro do Bom Retiro, em São Paulo (Divulgação/Casa do Povo)
Em 1918, Freud se perguntou qual seria o instrumento político capaz de transpor, na clínica psicanalítica, a esfera limitada do consultório particular, orientado para uma classe média com dinheiro e para os ricos em uma sociedade de mercado. Como redirecioná-lo para a vida social mais ampla de sua comunidade, dando aos pobres e não incluídos o direito à psicanálise e à saúde mental? A resposta foi, na época, imediata e já tradicional: o Estado deve assumir o direito a esse acesso, como assumiu historicamente a educação e a saúde públicas nacionais modernas.
Aos analistas caberia, então, pensar e buscar uma nova ordem de técnica e de clínica, visando mais amplamente à vida social, enquanto o Estado seria naturalmente o garantidor, econômico e político, do novo movimento histórico da psicanálise. Na trilha histórica do Estado consciência, em constante evolução, criando civilizações e mediações, instituições e direito, do Estado republicano, iluminista e de Hegel, o analista apostava na hipótese social-democrata do tempo, que moveu grande parte dos seus jovens colaboradores de esquerda na Viena vermelha dos anos 1920. Freud via no Estado sujeito e responsável o ponto de fuga da construção de espaço comum e da expansão e configuração dos direitos cidadãos entre os homens. Eram os ecos avançados dos tempos de formação da cidadania e da ideia de soberania popular, das revoluções liberais e dos conflitos das classes em embate permanente, que transformaram o espaço público europeu ao longo do século 19.
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