Cidadãos de bem × vagabundos: O discurso conservador nas redes

Cidadãos de bem × vagabundos: O discurso conservador nas redes
O que observamos no Facebook foi o desaparecimento do eixo sociedade-civil/Estado (Arte Andreia Freire)
  Na entrada do MAM havia cerca de vinte ou trinta policiais e cinco ou seis manifestantes. Duas mulheres particularmente exaltadas traziam cartazes com dizeres como “É pedofilia sim!” e exigiam falar com o curador. Do lado de dentro os organizadores estavam afoitos e nos fragmentos de diálogos ouvi uma moça lamentar que toda a atenção tivesse se voltado para uma única obra da exposição. A obra que causara polêmica não estava mais em exposição. No chão ainda estava delimitado o local onde se expôs o corpo nu de um artista que foi observado por quem esteve presente na estreia, em particular uma jovem mãe e sua filha. As furiosas manifestantes do lado de fora certamente viram a foto em que a menina, ao lado da mãe, tocava o pé do artista nu. Esta havia sido a segunda ação organizada por meio das redes sociais contra uma exposição de arte em menos de um mês. Em setembro uma exposição em Porto Alegre que abordava temas como gênero e diversidade sexual foi cancelada depois de ser acusada de promover a blasfêmia a símbolos religiosos e fazer apologia à zoofilia. No curto período entre os dois casos um juiz concedeu uma liminar que barrou por algum tempo a punição a profissionais que oferecem tratamento de reversão sexual. O caso foi amplamente divulgado nas redes sociais, especialmente entre as páginas de temática LGBT. Em novembro o alvo dos conservadores organizados pela rede foi uma palestra da filósofa Judith Butler, que havia sido convidada a falar sobre democracia no Sesc Pompeia. No começo dos anos 1990, os jornais nos Est

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