Guto Lacaz: ‘Cada vez mais os jornais copiam releases’
O artista plástico e designer Guto Lacaz (Foto: Rômulo Fialdini / Divulgação)
Sob a mediação do crítico de arte Fernando Oliva, o curador do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM) Felipe Chaimovich e o artista plástico Guto Lacaz discutiram as artes visuais e o papel da crítica especializada durante a segunda mesa do 4º Congresso Internacional CULT de Jornalismo Cultural.
Chaimovich relembrou a importância do jornalismo cultural e da crítica para a formação do conceito de arte contemporânea conhecido hoje. Ele citou, como exemplo, a criação da revista inglesa Frieze. “A Frieze percebeu que não era só uma instância de reflexão neutra. Ela se assumiu como um agente no campo da arte”.
O curador também ressaltou a urgência da criação de uma revista de arte mundial, publicada em língua inglesa, que comente a produção brasileira. “Enquanto deixarmos que saibam da nossa produção apenas sob os olhares estrangeiros, não teremos espaço. É só a partir disso que os críticos de arte brasileiros passarão a ter relevância e espaço em seu próprio país”.
Lacaz, por sua vez, reitera a crítica feita pelo curador e a expande aos veículos nacionais. “Cada vez mais os jornais copiam releases e reservam pequenos espaços para a crítica especializada”, comentou. Para ele, o feedback dado pelos especialistas é importante tanto para a divulgação do trabalho dos artistas quanto para seu incentivo.
Segundo o artista plástico, um dos problemas da arte contemporânea é a sua complicada relação com o público leigo. “Ao participar da Bienal, percebi o quão incômoda a produção contemporânea pode ser para o espectador. Ele tenta apenas entender a ideia do artista e não percebe que o mais importante é a sua leitura particular sobre a obra”.