Arte e Política
A obra é uma coletânea de artigos que representam o esforço para refletir sobre duas realidades próprias, a arte e a política, cuja reunião engendra inúmeras possibilidades estéticas e sociais. Os autores detêm-se no entrecruzamento dessas duas áreas de conhecimento e ação, assumindo uma postura interdisciplinar. Originados das mais diferentes instituições universitárias, os autores possuem em comum o fato de serem pesquisadores do Núcleo de Estudos em Arte, Mídia e Política, do Programa de Estudos Pós-Graduados em Ciências Sociais, da PUC-SP. Assim, o livro contempla uma vasta diversidade de concepções teóricas para problematizar e interpretar o mesmo tema.
Arte e Política
Org.: Miguel Chaia
Azougue
256 págs. – R$ 36
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O PAPEL POLÍTICO DA ARTE – Às vezes, de tempos em tempos, faz-se necessário que os assuntos relativos à política atravessem o campo simbólico da arte. Vemos exemplos que fizeram história como Picasso, Drummond, Brecht, Dias Gomes, Gianfrancesco Guarnieri, Glauber Rocha, Rossellini, Sergei Eisenstein, entre tantos outros que não recordamos no momento, tiveram papel fundamental. A conscientização em tempos duros é crucial. Mas o papel de mexer, chocar o público é mais vital para o artista. Nisso –também- reside seu papel político, no sentido de interferir no pensar (ao menos naquele momento) do ato de ver/sentir/escutar/tocar a obra. O espectador sai de sua condição e traspassa a barreira, tornando-se o objeto em si (recurso muito usado nas instalações, em que o espectador interage com a obra). O efeito de catarse na Grécia antiga já prenunciava isto… A arte é arte, independente de sua função (se é que ela tem uma… questionável, já que podemos viver sem arte), mas não podemos viver na caverna, temos de ver a luz, e nesse instante – aí sim- reside o poder da arte para conscientizar, e nela seu status político.
O perigo do engajamento é se confundir o engajamento polpitico social com o partidário ou a serviço de corporações. Toda a arte é política, querendo sê-lo ou não.