Aquilombamento nas Margens: coletivo Margens Clínicas
(Ilustração: Fernando Saraiva/Revista Cult)
A única saída possível é o aquilombamento”, disse José Soró no final de 2018, durante o nosso evento de lançamento do livro Margens Clínicas: dispositivos de escuta e desformação. José Soró foi educador, ativista cultural, líder comunitário da região de Perus (SP), além de ter sido supervisor do Margens Clínicas. Ele nos deixou em 2019, porém suas palavras reverberam e nos trazem pistas para pensar em ações de hoje e de amanhã.
O coletivo Margens Clínicas existe desde 2012 e atualmente é formado por psicanalistas, psicólogues e afins, e tem como foco o desenvolvimento de dispositivos clínicos e atividades formativas de enfrentamento à violência colonial. O nosso eixo central de trabalho visa à recuperação dos saberes tradicionais e memórias coletivas, ao fortalecimento de laços de cuidado e solidariedade, deslocando a noção de saúde mental de uma perspectiva individualizada e psicopatologizante para uma perspectiva cultural, desde sua interface política, histórica, territorial e social. Atualmente desenvolvemos duas ações principais: a Rede para Escutas Marginais (REM) e o Aquilombamento nas Margens, do qual trataremos neste texto.
Em 2016, realizamos o Clínicas do Testemunho nas Margens, projeto da Comissão de Anistia vinculado ao Ministério da Justiça e ao Centro de Estudos em Reparação Psíquica (CERP), com financiamento do Fundo Newton do Conselho Britânico. Como parte do projeto, desenvolvemos também o curso “A escuta do sofrimento psíquico provocado pela violência de Estado nas redes SUS e SUAS”, a
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