Francisco Bosco: Ainda há espaço para profundidade no jornalismo digital
Francisco Bosco em 2017 (Foto Bel Pedrosa)
A mesa “Na Esfera Digital da Cultura” iniciou as discussões do segundo dia do 4º Congresso Internacional CULT de Jornalismo Cultural, contando com a participação de Nina Pauer, jornalista do periódico alemão Die Zeit, e do ensaísta e doutor em teoria literária Francisco Bosco, sob a mediação do jornalista Mauricio Stycer.
Para Bosco, a sociedade atual vive uma era de saturação da linguagem verbal que se tenta combater, sem sucesso, com a recirculação de modelos já desgastados. “É necessário que se produzam novos usos da linguagem, a fim de que se combata essa saturação. Algumas palavras, de tão destacadas que são, acabam por gerar algum tipo de silêncio em meio a essa tagarelice”, declarou ele, criticando a chamada “escrita recriativa”, vertente literária criada por meio da re-utilização de textos já existentes.
O ensaísta ainda relatou seu desencanto com o que ele julga ser uma forte tendência da contemporaneidade pela “indiferenciação” humana e rejeição de novos formatos na arte e no jornalismo. “É como se as pessoas estivessem muito saturadas e esgotadas e acabassem preferindo formatos já conhecidos. No entanto, acho que ainda há espaço para a profundidade. A cultura é um campo de forças que reúne a diferença e a repetição”.
Pauer concorda com Bosco, acrescentando: “Mais do que nunca, precisamos de profissionais que tenham tempo e calma para trabalhar toda essa informação. Os jornalistas e autores devem representar uma ilha de concentração em meio a esta saturação”.