A república dos universitários
Nunca fomos tão iguais como nestes tempos tenebrosos. Já na simples circulação de escrachos, aparecemos fantasiados na camisa de força que sobre nós projetam os inimigos da Universidade: assistimos à multiplicação de diagnósticos sumários e, por ora, à internação compulsória de fantasmas. Cadastram-nos em massa num mesmo gueto: professores, estudantes e funcionários, todos conduzidos pelas fileiras de um Partido Imaginário de Esquerda. Entre a suspeita generalizada, inversão do Estado de Direito que os clássicos chamavam “terror de Estado”, e a condenação sumária, que é sentença velha de guerra nas periferias, as práticas do neopunitivismo se vão enovelando por mais de uma instância burocrática, ora informal, ora formalíssima. Não bastassem tais desaforos hiperbólicos, exorcistas amadores tencionam completar o serviço, encenando a despossessão televisiva dos corpos e dos espíritos. Por essas e outras desqualificações da vida acadêmica, afora a ironia objetiva que acompanha o processo e descontada uma vibração democrática de rebaixadíssima intensidade, é forçosamente que se admite: somos todos iguais.
Certamente, ao negar-se o direito à formação universitária (pública, gratuita, de qualidade, plural, para todos), porque ela tem sido um privilégio de poucos, comprimem para baixo a ideia (no melhor dos casos, generosa) de igualdade. Porque o valor de face de todo direito só aparece como privilégio, grita-se aos quatro ventos, com poucas letras e nenhum espírito: “Abaixo todo o direito!”
Era só o que
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