A evolução do traço

A evolução do traço

Com pena ou pincel, o progresso dos quadrinhos correspondeu a vários estilos de desenho. Irreverentes, de influência clássica e até mesmo cinematográfica

Na década de 1930, os quadrinhos atingiram o auge de sua linguagem narrativa, quando centenas de artistas desenvolveram vários gêneros e criaram os mais significativos produtos. A partir do final da Segunda Guerra Mundial, os quadrinhos passaram a ser perseguidos e expurgados em todo mundo e somente nos anos de 1960 seriam novamente cultuados e elevados à categoria de arte.

Só para lembrar, são da década de 1930 personagens até hoje muito conhecidos e com um público fiel: Popeye, Mickey Mouse, Tin-Tin, Brucutu,Pinduca, Luluzinha, Tarzan, Flash Gordon, Fantasma, Mandrake, A Garra Cinzenta, Príncipe Valente, Terry e Os Piratas, Dick Trazy, Superman, Batman, Capitão Marvel, Zorro, dentre tantos outros. Todos eles desenhados a pena e a pincel, combinação técnica das ferramentas ideais para a reprodução em tamanho reduzido.

No início, os quadrinhos eram basicamente charges ou cartuns, em ritmo seqüencial. Algumas obras, porém, como a do artista italiano, radicado no Brasil, Angelo Agostini (1833-1910) já se mostravam, no início do século 20, muito acima da média do que era produzido no mundo. Seus quadrinhos tinham uma narrativa visual muito mais avançada, uma linguagem cinematográfica e uma riqueza anatômica nos personagens que só apareceriam nos quadrinhos na década de 1950, com os artistas da revista Mad. Agostini era um gênio, mas só foi descoberto por outros quadrinistas nos anos 1980.

Por outro lado, uma série de outros personagens formou a essência de uma narrativa mais simples dos quadrinhos. Buster Brown (Chiquinho, no Brasil), Gato Felix, Krazy Kat, Os sobrinhos do Capitão, Mutt e Jeff, Palito Italino foram algumas das grandes séries da década de 1910. Todas de humor, elas criaram os códigos gráficos, as diferentes formas de balão, as onomatopéias e as passagens de tempo, formando o conceito do quadrinho convencional que é aplicado ainda hoje em gibis, como os da Turma da Mônica, de Maurício de Souza.

A grande exceção daquela década foi a série Little Nemo. Seu autor, Winsor MacCay era um apaixonado por animação e cinema. Little Nemo apresentava roteiros de conteúdo surrealista, com desenhos de apurado estilo arquitetônico. Os personagens da série eram redesenhados e davam uma idéia de desenho animado.

A seguir, alguns personagens que marcaram os diversos estilos nas histórias em quadrinhos.

Yellow Kid (1895)

De Richard Outcault é considerada a primeira história em quadrinhos continuada com um personagem semanal,  aos domingos, em cores, no Sunday New York Journal.Foi o motivo do  início dos comics e do termo jornalismo amarelo (marrom, no Brasil), para designar a imprensa sensacionalista.

Little Nemo

Winsor McCay era um virtuose do desenho. Suas páginas eram impactantes. Todos os domingos, no último quadro Nemo era acordado pela mãe depois de iluminar a página em cores, com sonhos deslumbrantes em desenhos criativos. Depois da morte de seu criador, seus desenhos originais foram parar no Museu de Arte Moderna, de Nova York. Uma obra-prima dos quadrinhos.

Gato Felix

É uma criação de Pat Sullivan, cartunista australiano. O Gato Félix surgiu primeiro em desenhos animados, em 1917. Mais tarde, em 1923, o King Feature Syndicate iniciou a publicação em quadrinhos em páginas dominicais.  O grande sucesso fez do personagem estrela do primeiro filme de animação apresentado em uma transmissão histórica da NBC, em 1930.

O Tico-Tico

Em 1905, a editora O Malho lançou no Brasil, a revista O Tico-Tico, que seria o marco inicial das publicações dedicadas às crianças no País. Os desenhos tinham como base material estrangeiro, mas eram feitos por ilustradores brasileiros. Publicada em cores, apresentava o famoso personagem Chiquinho, na verdade uma versão nacional de Buster Brown, de Richard Outcalt.

Os sobrinhos do Capitão

Criado por Rudolph Dirks, Os sobrinhos do Capitão completam esse ano 110 anos de publicação. Série pioneira por mostrar moleques travessos e a ter situações familiares como tema, introduziu os códigos universais dos quadrinhos como a passagem de tempo de um quadro a outro, a ruptura da narrativa, seqüências mudas, balões diferenciados e onomatopéias.

Príncipe Valente

Uma obra-prima de texto e desenho, Hal Foster soube como ninguém traduzir para o gênero toda a riqueza que existe nos trabalhos dos ilustradores italianos especializados em artes da Idade Média ao criar, em 1937, o Príncipe Valente. O extremo academicismo das figuras de Foster valoriza seu traço pela grande quantidade de detalhes em seus quadros. A ironia, o humor e a sutileza de informações gráficas enriquecem a leitura. É o clássico dos clássicos.

Super-Homem e Batman

Dois dos maiores mitos do mundo contemporâneo, Super-homem e Batman serviram de modelo para vários outros super-heróis. Criados no final da década de 1930, são até hoje, objetos de estudos, críticas e pesquisas, além de inspirar séries de TV e filmes. Enquanto o Super-homem domina a cidade de Metropolis, Batman cruza o céu de Gotham City com seu companheiro de aventuras Robin.

Os 300 de Esparta

O épico de Frank Miller, o genial mestre da luz e sombra, que escreveu e desenhou Sin City – A Cidade do Pecado, chegará às telas do cinema em uma superprodução. Um marco para a graphic novel, Os 300 de Esparta mostra o exército do guerreiro “sem igual” Rei Leônidas.

(1) Comentário

  1. A desenhista brasileira Julia Bax, que participou do projeto em homenagem aos 50 anos de Maurício de Souza ao lado de nomes como Ziraldo e Laerte, já desenhou para a Marvel Comics e outras tantas, está participando de um concurso internacional promovido pela Zuda, braço da DC Comics. Se faturar, a artista fecha contrato com a DC, mega editora do ramo, e deslancha de vez na carreira!
    A história desenhada pela Julia Bax se chama “Mr. Trildok Sings the Blues”, é fantástica e digna de nota no portal!!!
    http://www.zudacomics.com
    O endereço direto da história dela é http://www.zudacomics.com/node/1837.
    O concurso termina no dia 30 de abril, para votar é preciso fazer um rápido cadastro, mas vale a pena e ajuda muito a projeção dos desenhistas nacionais!
    Espero que vocês na Cult possam colaborar.
    Parabéns pelo trabalho desenvolvido por aí!!!

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