Os tempos do mundo

Os tempos do mundo
Adriana Lisboa, autora de Antes de dar nomes ao mundo (Divulgação/Relicário)
Lisboa trabalha com clareza na escrita, fugindo do hermetismo que muitas vezes se faz tão presente na poesia que se pretende densa e profunda O trabalho da poeta carioca Adriana Lisboa é muito marcado por três aspectos temáticos: o mundo natural, a efemeridade das experiências entre os seres e as questões existenciais do ser humano. Em seu quinto livro de poemas, Antes de dar nomes ao mundo, lançado recentemente pela editora Relicário, é possível observar bem esses temas característicos do trabalho da autora – sendo que a força maior da obra parece residir sobre a passagem do tempo, na presença de um passado que se mescla com um presente e um futuro. “Eu destacaria como central o tema da efemeridade, bem como o de certo caráter inapreensível da experiência; para mim, as duas coisas andam juntas. Num momento em que estamos tão aferrados às nossas identidades, buscando sublinhá-las e marcá-las a ferro e fogo no mundo, acho que a poesia é também um espaço de respiro, como escreveu a poeta Rose Ausländer, e de investigação das brechas, dos hiatos, dos espaços de silêncio e recolhimento”, conta Lisboa. O que não significa, para a autora, um afastamento ou desligamento do mundo, mas um espaço que nos permite observar melhor as identidades que reivindicamos – e procurar entender se elas podem operar uma mudança real e sensível, ou se estão apenas repetindo velhos modelos com novos protagonistas. Podemos perceber bem esse tensionamento entre tempo, experiência pessoal e mundo em muitos poemas do livro. Por exemplo, em “Torre”: “

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