Um teatro feminista
Ruth em cena com Stênio Garcia na peça “Cemitério de Automóveis”, de 1968 (Foto: Reprodução Acervo Ruth Escobar)
Realizado de 1º a 16 de agosto de 1981, o III Festival Internacional de Teatro (FIT) teve como uma das principais características a discussão sobre o papel das mulheres no teatro latino-americano durante a ditadura militar brasileira. Sob curadoria da produtora Ruth Escobar, os espetáculos advindos do Chile, Equador, Argentina e Brasil, países cuja ditadura militar perpassou por anos, participaram desse evento para discutir o papel da mulher em seus respectivos contextos. O mote sobre as mulheres na arte teatral serviu como pretexto para Ruth Escobar enfrentar os pensamentos encrustados dos militares e firmar sua posição feminista em sua trajetória.
Dentre os destaques do III FIT, que abordava os dilemas vividos pelas mulheres, estavam as peças No Natal a gente vem te buscar, na qual a personagem de Marieta Severo representava, em uma acepção feminista, a necessidade de reivindicar reconhecimento e um lugar de prestígio no seio familiar e na sociedade; Tres Marias y una rosa, do grupo chileno Taller de Investigacion Teatral, ao mostrar quatro mulheres marginalizadas que faziam tecelagem para conseguir sustentar suas famílias, cujos maridos se encontravam desempregados ou haviam partido para o exterior; Pedro Manso, do grupo equatoriano Saltamontes, dirigido pela atriz, cantora e diretora María Escudero, que discutia o machismo e o autoritarismo disseminado na população latino-americana em decorrência dos golpes de Estado. Cipe Lincovsky – cantora perseguida pela máquina repressiva do Estado argentino, que se viu obrigada a conseguir abrigo p
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