Balanço e conjuntura do coletivo Psicanálise na Rua
(Ilustração: Fernando Saraiva/Revista Cult)
O coletivo Psicanálise na Rua surgiu no contexto de acirramento político oriundo do último golpe empresarial-militar brasileiro. O campo psicanalítico, assim como o almoço de domingo, sofreu fissuras. A luta de classes no interior da psicanálise brasileira fez brotar, em diversas cidades, dispositivos de escuta em espaços públicos. De Brasília, tivemos notícias de sessões acontecendo à luz do dia na praça Roosevelt, na Clínica Pública da Vila Itororó e na Casa do Povo.
Não que fosse novidade. A larga experiência clínico-política de veteranas como Maria Rita Kehl, Emilia Broide e Jorge Broide nos precedia. E, como demonstram Rafael Alves Lima e Ann Danto, as policlínicas no entreguerras europeu nos precederam. Sigmund Freud, Otto Fenichel e Sabina Spielrein nos antecederam.
Mas o recalcado sabe retornar, e essa inspiração popular inaugural da psicanálise se reeditou. A efervescência de dispositivos de democratização da clínica psicanalítica no Brasil pós-golpe mostrava como a psicanálise tem limitações de classe, raça e gênero. No fim de 2017, em Brasília, reuniram-se as condições de aglutinação de analistas em torno do propósito do oferecimento de escuta psicanalítica pública. Psicanalistas de diferentes percursos formativos, filiações institucionais e faixas etárias passaram a se reunir para construir uma estratégia metodológica inicial. Também fizemos visitas, atendimentos e intervisões nos coletivos que já atuavam em São Paulo, e enfim criamos o Psicanálise na Rua (PnR). Tomando de empréstimo ou rouban
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