dossiê Fazer justiça a Sándor Ferenczi | Apresentação

dossiê Fazer justiça a Sándor Ferenczi | Apresentação
Em pé: Otto Rank, Karl Abraham, Max Eitingon, e Ernest Jones. Sentados: Sigmund Freud, Sándor Ferenczi e Hanns Sachs (Foto: Wellcome Collection)
  O leitor da Cult não deve se culpar por nunca ter escutado o nome do psicanalista húngaro Sándor Ferenczi. Muitos analistas com anos de prática pouco sabem sobre esse pioneiro, principal interlocutor de Sigmund Freud, que o considerava seu “grão-vizir secreto”. E por interlocutor leia-se não um discípulo, um paciente ou mesmo um amigo e companheiro de viagens. Ferenczi foi tudo isso, mas foi principalmente aquele que provocava – no sentido etimológico do termo, “chamar adiante” – o pensamento de Freud. E como é possível, perguntará o leitor, que um personagem tão importante da história do pensamento psicanalítico seja, ao mesmo tempo, tão ignorado? Ferenczi sofreu, efetivamente, uma verdadeira “morte pelo silêncio” (Todschweigen) a partir dos anos 1930 – seu falecimento foi em 1933 – que chegou ao ponto de promover verdadeiras alucinações negativas no campo psicanalítico: textos de Freud escritos em diálogo com Ferenczi são lidos sem que sequer se perceba o nome do húngaro citado pelo criador da psicanálise; o que dizer então da sua importância para o debate ali apresentado? É o caso, apenas para citar dois exemplos, de “Caminhos da terapia psicanalítica”, conferência originalmente pronunciada por Freud no Congresso de Budapeste (1918), recuperado atualmente pela sua referência inaugural à criação das clínicas públicas de psicanálise, e do célebre “Análise terminável e interminável” (1937), no qual Freud tece um diálogo com o ensaio “O problema do fim da análise”, publicado por Ferenczi no

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