Complexos culturais
Edição do mêsO psiquiatra Carl Jung é relevante até os dias de hoje na psiquiatra, psicologia e ciências humanas (Foto: Domínio Público)
A psicologia analítica erigiu-se fundamentada em uma base ampla, sólida e consistente. No entanto, a tormentosa travessia pelo século 20 e início do século 21, com suas complexidades, transitoriedades, transformações culturais e sócio-históricas, exigiu a revisão de alguns constructos teóricos e a ampliação do diálogo com outros saberes. Desdobramentos ulteriores foram e vêm sendo alavancados por pensadores das novas gerações, o que demonstra a potência de renovação da clínica que se empenha em conversar com a recente transformação da análise social e histórica.
Mais do que nunca se faz necessário que busquemos conhecer a pluralidade dos substratos que permeiam as narrativas ouvidas por nós, psicoterapeutas e analistas. Ao lado disso, é essencial considerar preconceitos, estereótipos e anacronismos que atuam e ferem nossa imaginação, desafiando-nos a uma mudança fundamental de perspectiva na direção de alimentar uma imaginação múltipla da alma. A clínica necessita ir ao encontro dos muitos lugares e das vozes que nos constituem e nos visitam. A atividade imaginativa é um movimento de adentrar e de ser adentrado e, à medida que as imagens ganham voz e independência, a força e a autocracia da consciência egoica monolítica tendem a se dissolver.
Jung não foi um pensador antropocêntrico. Sua teoria sempre levou em conta inteligências outras, oriundas do mundo que nos cerca. Pode-se dizer que também não era um universalista, uma vez que era constantemente atravessado por ideias românticas de multiplicidade das cultu
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