No mundo da unidade de mercado, um sonho de política
O 'próprio eu' vira mercadoria simbólica no espaço virtual, afetado por número de views (foto: Lucrézia Carnelos/Unsplash)
Vivemos em um mundo que produz e reproduz a fragmentação atomizada dos interesses. Nossas articulações humanas pessoais, nossa vida urbana, nossa cultura prática concreta no mundo da vida se produzem como efeito de um pacto de produção, cujo senhor transcendental, desejante e ordenador, é alguma projeção de mercadoria, de serviços, ou de vida de consumo. A política é uma ação de sentido e de aproximação dos corpos nestas condições. Entre a tempestade constante da multiplicação das vozes, e as bolhas imanentes aos múltiplos sujeitos e seus múltiplos extratos de mercado – que lhes correspondem como desejo simbólico e como horizonte concreto da vida – alguma solidariedade, razão crítica comum e novos acordos sobre o sentido da opressão e da subalternidade, em relação a um horizonte falso ou virtual de democracia nunca realizado, deslocado para um futuro que, agora já se diz, não virá, tentam se configurar em novos movimentos de multidões.
O modo de produção techno-simbólico no mundo capitalista de agora, que centraliza e concentra decisões no limite da onipotência sobre a vida no planeta, ao mesmo tempo que projeta e determina uma vida de afetos e de objetos desenhados especialmente para cada um de nós, na multiplicação ao infinito dos discursos, dos bens e das imagens aparentemente ao alcance das mãos e certamente ao alcance de todos os olhos, o modo de se por e de se gerir a vida do trabalho, sem garantias, em vidas de muita exploração e sem emprego, e a tempestade da produtividade geral, mundial, que se apresenta na vida da cultura – o mundo rápido de hiper-oferta da circulação das mercadorias pelo planeta fazendo efeito permanente entre nós – tende a gerar em cada um, como forma de existir em tal espaço tempo, em alguma medida, o mundo do polo particular de sua própria política. É a cultura dos desejos modulados, da cidadania entendida como plena vida de mercado e da vida pânica geral pela luta permanente e aberta pela existência, em formas de sociedades que suspendem compromissos coletivos e garantias, que produz seu universo em um único gesto velocidade, ritmo nas cidades e na vida do consumo, atravessado permanentemente pela excitação comum de uma cultura que se converteu em meme – piada visual, fofoca e produção em massa de difamação e calúnia, uma indústria cultural política que se faz em nuvens. Enquanto não é possível e ainda nem se deseja parar esta luta pela vida, as comunicações ubíquas, de baixa carga de diferença e do sonho de consumo como o horizonte universal da subjetivação, com seu baixo espetáculo participativo geral, tornaram a demanda histórica por subjetivação crítica e política da modernidade praticamente suspensa. As razões e as práticas políticas que visavam a comunidade livre universal perdem o corte.
Isso pode ser percebido, de forma análoga, no modo como cada um é o editor, o jornalista e o escritor da sua própria página, com seus 30 amigos e 15 likes, com uma indústria inteira apoiada sobre os indivíduos que sonham e se realizam socialmente assim, um mundo imagem movido por Crusoés virtuais da própria grande ou pequena ilha, bolha, e do próprio eu, uma bolha articulada, empreendedores da própria imagem, como o lugar privilegiado de toda a vida nas redes da rede mundial de computadores. O lugar de fala universal. O youtuber, o promotor de verdades ou de mentiras, de espetáculos do cotidiano, micro performances, política como fofoca, propaganda e interesse, seja ele infanto juvenil, duplo da indústria dos cosméticos, critico de superfície, artista, ou senil fascista – empregado nos serviços de choque simbólico da nova direita, identitária, que tomou posse da situação – eu imagem pronto para receber a confirmação ou o ataque de outros dispositivos imagens das redes, se realiza como uma entidade particular. A sua propriedade é a sua performance. Ele acumula toda uma indústria ao redor do seu nome, e da persona imagerie projetada na esfera do consumo do próprio eu como mercadoria simbólica, é a mônada do espetáculo, afetada pelo número de views e pelas reações no espaço virtual e sua turbulência estatística.
Estes dispositivos eu são a um tempo circuito imaginário administrado pela relação com o todo, tendentes à simplificação baixa de mundo e de vida que costumam fazer, de uma cultura de memes, pegadinhas ou lacrações, e circuitos políticos em ação nos mapas estatísticos das interações, de circulação de significantes imantados de desejo pelo todo, abstrato, administrado por programas e algoritmos.
É muito provável que este seja o verdadeiro sujeito cultural do tempo. Um velho youtuber autoritário fascista, do alto de seus milhares de likes, tem a coragem de, sozinho, decretar a morte da universidade pública e do pensamento crítico no país. O eu sem limites, do youtuber delinquente senil, contra a vida, a história, o compromisso e a produção social de milhões de cidadãos. A política se particulariza ao extremo. O exemplo é extremado, como é o próprio sujeito e seu grupo de discípulos, mas é representativo da política inteiramente concentrada no eu, singularizada, que transforma sintoma em show, seja ele o que for, verdadeiro ou falso, democrático ou fascista, tanto faz. Assim como os cineastas políticos foram o sujeito cultural do século 20, os romancistas, os do século 19 e os pintores o foram na raíz da modernidade ocidental, hoje youtubers e páginas de Instragam fazem a cultura da emergência constante da imagem dos próprios caprichos, em tempestade de todos contra todos, como se dá na lógica do mercado da competição geral. Deste modo, uma criança inteligente fala para sua mãe culta, bem posta na vida antiga dos valores modernos de trabalho e de ciência, quando perguntada sobre o que ela gostaria de ser quando crescer: “Quero ser famosa.” A pergunta tem muito de anacrônico, pressupõe uma teleologia do desenvolvimento individual para a vida social, da incorporação da cultura acordada, científica e criticamente comum, que um dia irá se realizar na vida comprometida adulta. Enquanto a resposta aponta nitidamente para as condições do presente: quero gozar de uma chave imaginária qualquer como uma mercadoria de mim mesma, o que pode se dar imediatamente e já, se eu souber produzi-la, ser “famosa”, na indústria excitada das interações das imagens entre as imagens. Quero fazer da minha personalidade calibrada para o todo a performance, em uma indústria do espetáculo de mim mesma, narcísica de massas, que achou o modo de ser entidade de valor na ordem desse mundo, que não tem mais futuro, mas é o que é, a excitação permanente do aqui e agora. É o presentismo imanente dos modos de viver este mundo. A mesma resposta se dá em todo o país do cultural e do erotismo popular, que tem longa tradição de busca de democracia desde a sociedade escravocrata, e hoje é outra coisa, como forma de garantir existência, renda e gozo, em compensação, legítima, pela falta de direitos coletivos, de respeito social pelo trabalho e de democracia material real.
A velha, e já tornada farsa há muito, hoje bem alucinada ideologia do indivíduo moderno livre e solto no mercado e no mundo – que foi um dia o foco e o destino da forma romance, segundo Lukács, cujos interesses particulares eram o centro multiplicador do desenvolvimento geral, de Adam Smith, construída nos séculos 18 e 19 com os grandes golpes da destruição de realidades sociais anteriores para a fundação da grande acumulação primeira central de Capital – aquele homem livre apenas para buscar um contrato qualquer, sem Deus nem senhor, nem propriedade, está atualizado, transfigurado. Ele surge de modo total agora como outra modalidade de máquina subjetiva, embalada no fluxo imaginário da onipotência universal do consumo, promessa de gozo aqui, agora e permanente, como resultado pós-fordista da hiper-produtividade do capitalismo de exploração da mão de obra da China e do leste asiático. Apenas a realização de valor, a produção da renda pessoal, qualquer que seja, lançada à circulação da mercadoria e da imagem, existe hoje como força social e como política na luta tensa, simples e excitada pela vida. A totalidade da cultura afirmativa, que Marcuse percebeu ainda na década de 1930, é agora a totalidade de uma máquina subjetiva produtiva afirmativa, mônada que encena o desejo do mundo, no mesmo movimento que o teatro virtual do mundo põe o seu cenário, para que ela seja. Porque o horizonte de cada desejo, de cada forma de vida projetada e comprada é a própria bolha imaginária, eu rede virtual, em movimento e expansão, de cada unidade produtora de valor e de consumo, da realização máxima e constante da sua mercadoria particular, planejada e desenhada para o seu desejo, focalizada mesmo, em uma pressão totalizante da multiplicação do capital em cada um que vive. Um excesso de tipo “batailliano” da ocupação de tudo o que vive pelo capital, no mundo mercado unificado em rede mundial de agora.
Contribuímos para o todo, e estamos em estado de pacificação com o seu desejo, mesmo que nos dilaceremos por isso, nos tornando cidadãos do mundo contemporâneo, quando cumprimos nosso designo consumptivo constante no mercado mundial, já para além dos limites dos territórios imaginados das nações, a nova velha pulsão do tempo, e somos premiados com a realização simples e concreta da imagem das coisas, mesmo que falsa, a tempestade constante de imagens desejo, em nossas vidas constantemente abertas à janela inconsciente do celular. Não importa, evidentemente, se tal prática multiplicada aos bilhões – produzir uma renda e multiplicar ao máximo o circuito universal da circulação, das imagens e das coisas, por toda a terra – seja a mesma ação voraz que esgotou os recursos, exterminou as espécies, e liquidou as comunidades humanas de diferença, processo de recusa da vida constante desde ao menos a escalada do capitalismo comercial colonial escravista, e sua liberação da velocidade dos mares, do século 16.
Um processo hoje elevado em sua velocidade de ubiquidade e voracidade produtiva ao estado virtual de destruição total da terra, imediata, em dias, em meses, ou em alguns anos, virtualidade diante da qual o capitalismo contemporâneo ganha tempo, como bem apontou Paulo Arantes, e como Günther Anders foi o primeiro a reconhecer a escalada de técnica, gozo e espetáculo, e destruição, guerra e violência contra toda natureza tornada nada mais que objeto. O trabalho hiper abstrato, que só se reconhece na comunidade política da imagem mercadoria, e seu gozo exigido e extorquido, a formação atual do superego espetacular algorítmico, está articulado à recusa estrutural dos mundos que não estejam incluídos nesta ordem de produtividade. Porque, como diziam Adorno e Horkheimer, toda reificação é um esquecimento, e, como nos ensina a clínica psicanalítica, todo sujeito fundido ao seu fetiche é um radical negacionista, de tudo que não diga respeito diretamente ao seu gozo.
Somos superficiais, excitados e constantes ganhadores de tostões consumidores, e somos também, ao modo de desenhar o próprio ritmo prático de nossos corpos, correndo por este mundo sem pouso em busca de algum valor, dinheiro, os recalcadores, os recusadores, os negacionistas, os repressores naturais, a psicopatologia política comum do viver no tempo, de toda vida e diferença que não corresponda à natureza dos nossos próprios negócios. Eu espetáculo, rede como vida política, pequena excitação ou fofoca, e por a máquina do mundo para andar, produzir, achar qualquer modo de acessar um valor qualquer, de mercadoria ou de imagem, é a vida sem Outro, a vida sem diferença, o corpo sem órgãos, a vida como isto mesmo, a vida como ela é e ponto, o grande conservadorismo diante do qual ninguém pode baixar a cabeça e dar de ombros. Diminuir o ritmo, parar, e sonhar além ou outra coisa, frente a máquina do mundo plenamente introjetada e realimentada em cada ato político da imagem no instagram. Parar o trem da história, que há muito não é mais um trem, mas o fluxo mundial de informações e imagens, na velocidade da luz, a tempestade de gozo imaginário e consumo nas redes, produzindo consumidores e commodities globais no mesmo programa. A máquina do mundo fora se tornou dentro, de fato não há mais dentro ou fora, um anacronismo de doentes, de velhos raciocínios psicanalíticos ou de grandes privilegiados, há apenas uma máquina comum de produtividade, em expansão até o fim.
Entre gerar alguma renda, que significa sempre gerar valor em algum polo mais geral e mundial da acumulação, e sonhar com o próximo gozo imaginário, de valor de uso ou de valor simbólico no circuito espetacular global, os sujeitos do capitalismo tardio estão simbolicamente simplificados. Embora as pulsões humanas sejam múltiplas, a hiper produtividade vendida como a realidade de todos ilude a existência de um produto para cada desejo, modula o campo do desejo para os produtos existentes e estratifica a vida, ao mesmo tempo que unifica a forma do vivente ao seu próprio modo, ao gerar círculos de efetivação do desejo de mercado para cada bolso. De 10 reais a um milhão quase tudo pode ser comprado em um shopping center de hoje, de modo que, lá todos são o sujeito comum reduzido ao ato de ser no, e para o, mercado, tão vivo quanto morto. É assim que se é. Tudo é muito complexo, pois trabalho e consumo se aproximaram de modo definitivo como forma de ser no social, e tudo é extremamente simples, porque a vida é qualquer coisa como um polo de geração de valor, de qualquer ordem, acoplado a um polo de produção de consumo, também do que for. É a consumação do produssumo, da intuição de Décio Pignatari, a expulsão dos valores da ordem da vida, como um dia observou Marcuse, a cultura da mercadoria mesma, sua formação, que se impõe a quase tudo. O famoso mundo sem alma da vida moderna foi quase todo preenchido com a alma das coisas, e sua gestão industrial do espetáculo mais geral e universal. O empreendedor de si mesmo, da biopolítica foucaultiana, não existe sem o excitado encenador de si mesmo, na imagem de máxima circulação possível na rede, o sujeito do espetáculo, fetiche resplandecente da vida como duplo do mercado, de Adorno e de Debord, ou na imagem acoplada ao próprio ato de fazer circular as coisas, a sua forma cultural.
Embora a realidade do mundo múltiplo da ciência e do imbricamento das nações nos circuitos mundiais de valor – materiais ou imaginários, da economia mundial da informação, geopolíticos ou de projeção de poder imperial e de guerra, a nova invenção americana de guerra fria – seja complexa, o que se oferece à ordem da vida em todo lugar, à gestão universal dos sujeitos, os sujeitinhos deste mundo que se tornou pequeno, a sua chamada biopolítica, é, ao contrário, muito simples.
Embora necessariamente cindida e produtora de absurdo, o que ordena a vida no mundo das cidades da classe média do consumo mundial é uma lógica única e comum, a mesma em toda parte, em Pequim, Déli, Paris ou Salvador, com seu projeto que parece já não poder se reproduzir, e seu derivativo, o imperativo geral de gozo no mercado, tal qual o mercado administra suas formas.
Deste modo, é a política moderna, do povo nacional, que viria a ser racional pelo próprio conflito pela justiça, que se representava como o sujeito da história como dizia Michelet sobre a Revolução de 1789 – e como desejaram todos os modos históricos do marxismo e de teoria de racionalidade compartilhada na história – quem sofre e perde a forma na vida social, quando cada indivíduo é objeto de desejo do todo, que sabemos o que é, quando cada um se orienta ou emula em seus atos a mesma vida geral da mercadoria em todo lugar – precisamente aquela que denunciamos nas redes e que reclamamos que também destrói o mundo, enquanto também a reproduzimos com satisfação e dedicamos nossos sonhos e nossos prazeres inteiramente a ela –. Assim, sem sabermos exatamente o que fazemos, mas fazendo mesmo assim, destruímos todos os mundos, menos um.
É a solução do indivíduo como duplo da circulação, amplificador desejante máximo da imagem das coisas, e a luta de todos entre si por um posto de trabalho rifado cinicamente em meio à obsolescência geral do próprio trabalho, a forma concreta da vida direcionada a um mercado universal, que já não emprega, e que integra apenas na imagem, sua modalidade histórica de fé e de alucinose, de um desejo tornado fixo, mesmo que não realizado, pelas coisas exatas do mundo como é.
Em meio a essas nuvens rarefeitas de muitas massas sociais já desarticuladas de uma consciência crítica comum, a classe trabalhadora moderna perdida e dissolvida na nova classe dos cidadãos do consumo global, atomização não molar, em que não há experiência comum não mediada pela imagem do desejo do todo, a ligação na imagem mercadoria, a senhora Capital de sempre – com seu veneno de toda crítica fazendo efeito e das quais o desejo não mais se distingue – se reorganizam e se constituem coletivos de reconhecimento de sofrimento, de proteção imaginária, tentativas de reencantamento cultural e político de algum mundo, frente o mundo que, funcionando como de fato funciona, está há muito na beira do colapso. Coletivos que buscam definir a própria marcação e criam tradições e políticas, entre a identidade e o desejo, ao nível do grupo, para ressituar o indivíduo, como alguma diferença, resistente ao todo.
Na falência da unidade crítica universal as multidões de indivíduos organizados pelo emprego e pelo mercado, de olho no dinheiro do dia e no shopping de sempre, se unificam através de novos dispositivos teológicos políticos, como dizia Espinosa, de intensa invenção moderna de tradições, como dizia Hobsbawm, de criação de situação territorial para a proteção da fuga rizomática constante da babel do presente, como diziam outros críticos. Surgem como forma de vida os circuitos de particularidade e de união identificatória, pactos narrativos para a subjetivação política, fundadores de política da diferença, uma política de Bacurau, para sobreviver com algum espírito, de grupo e coletivo, algum contato de união, algum vínculo amoroso sonhado entre as pessoas, história comum recontada que orienta na luta contra o poder pervasivo – e que também atua nos mesmos territórios como valorização de mercado das lutas – de um mundo de alienação individual radical na forma do salve-se quem puder, o real, do mercado universal.
Uns se apegarão à pequena identidade de classe média, suas mascaradas já sem conteúdo efetivo, seu circuitozinho no dinheiro e na família patriarcal branca e heterossexual, do papai que vai trabalhar e da prestação do carro como o dízimo da vida – a indústria mundial agradece – o carro, para a mobilidade pessoal no mundo fluxo disposto como grande passeio em um shopping. Outros vão aderir a grandes e agressivos circuitos religiosos industriais, que, sendo assim, só podem ser de deus único, o melhor branding unificado e passional, imperialista, para a guerra de competição no mercado dos afetos mágicos. Outros criarão grupos de experiência e de pertença, x, y ou z, entre a política do indivíduo, a sua bolha produção consumo, e a do novo grupo, para sobreviver ao tempo infernal do capitalismo total, decadente, que lesa a todos e destrói a base material da terra, sem conhecer reparação, por não conhecer pausa ao seu próprio princípio de conversão de tudo em valor.
E os neofascistas de todo o mundo também farão isso, com a ativação da identidade primária, que muitos críticos proíbem chamar de regressiva, e por isso mesmo muito forte em seu movimento de convocação ao idêntico, das armas purificadas dos guerreiros, que podem mesmo ser usadas contra todos os demais grupos de tentativa de proteção e existência no inferno.
Tales Ab´Sáber é psicanalista e ensaísta, professor de filosofia da psicanálise no Departamento de Filosofia da Unifesp. É coordenador da Clínica Aberta de Psicanálise na Casa do Povo e faz parte do projeto Rewald & Ab´Sáber de produção de cinema contemporâneo