Todos os nomes de Lisboa
'Odisseu e Nausicaa', de Joachim Sandart, século 17 (Reprodução)
Uma cidade cujo nome tem origem incerta (seria a povoação de Olissipo, ou Olissipona, dos gregos ou o “porto seguro”, allis ubbo, dos fenícios?) vive uma condição assertiva: o misto de tradição e modernidade que vibra em suas ruas e que também pauta a programação cultural de muitas de suas instituições é capaz de propor uma potente interlocução com a esfera da cultura‑mundo nos dias de hoje. A CULT esteve na capital portuguesa, na semana de 28 de outubro a 1º de novembro último, a convite da Associação Turismo de Lisboa, e conheceu o panorama artístico e cultural que uma das mais antigas cidades europeias oferece não somente aos seus habitantes, mas também ao crescente contingente de turistas que a têm visitado nos últimos anos.
Uma Lisboa concreta – vivendo os impasses políticos e econômicos inerentes às demais capitais das nações que participam da Zona do Euro – constantemente é suplantada por uma Lisboa idílica, suspensa no tempo e no espaço, às voltas com os mitos e os prodígios que há séculos procuram converter as lendas de que se cerca a fundação da cidade em inventivas realidades. Enquanto o poeta Luís de Camões, em 1572, ano da publicação de Os lusíadas, mencionava com bastante sobriedade, na quinta estrofe do oitavo canto de seu poema épico, a filiação da capital do império português ao imaginário heroico grego (“Ulisses é, o que faz a santa casa/ À Deusa que lhe dá língua facunda/ Que, se lá na Ásia Tróia insigne abrasa,/ Cá na Europa Lisboa ingente funda.”); algumas décadas depoi
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