Atualidade e permanência de Sartre

Atualidade e permanência de Sartre
Sartre enfrentou sempre seus “efeitos colaterais”, a despeito do incômodo que é ser alvo constante de injúrias (Foto Henri Cartier-Bresson / Reprodução)
  Sem cair no maniqueísmo, deve-se exaltar a intransigência. (...) Isso não quer dizer que se deva buscar o escândalo – isso seria absurdo e ineficaz –, mas sim que não se deve temê-lo: se a posição tomada for correta, ele virá como efeito colateral, como um signo. Jean-Paul Sartre   O excesso de visibilidade de algo não o torna, por si só, mais simples. Por isso, a maior compreensão de um fato não depende necessariamente de sua evidência. Trata-se de lição acaciana de razoável valor. A filosofia oferece-nos dois claros exemplos a respeito: o ser e o tempo. O ser, embora a mais evidente das noções, é a mais abstrata de todas. Seu sentido é polivalente (pollachos), lição sabida desde Aristóteles. Sua simples menção supõe desnecessária qualquer nota explicativa. A tradição filosófica, por isso mesmo, numa afirmação, é bom lembrar, contrariada por Heidegger, estabeleceu que se trata de algo não passível de definição. As determinações do ser foram eliminadas, impossibilitando-lhe a singularidade. Aumentada sua extensão, diminuiu-se-lhe a compreensão. Já o tempo, no enigma de inspiração platônico-plotiniana postulado por Santo Agostinho, é algo que se ninguém me pergunta o que é, eu sei do que se trata, mas se me perguntam esperando que o explique, não sei o que dizer. O mundo da economia também nos fornece outro ilustrativo exemplo: o preço. Presente na prática diária, na mais simples transação financeira, nem por isso temos dele, em princípio, a exata compreensão de seu significado e influ

Assine a Revista Cult e
tenha acesso a conteúdos exclusivos
Assinar »

Novembro

TV Cult