Representação e alienação no trabalho do autor de ‘A sociedade do espetáculo’
O escritor francês Guy Debord (Reprodução)
Personagem extraordinário, Guy Debord (1931-1994) foi autor de uma obra multifacetada que abarcou os domínios da teoria crítica, da literatura, do cinema e da arte de vanguarda. Inicial-mente, os trabalhos a respeito de Guy Debord e da Internacional Situacionista inseriram-se num contexto de polêmica e partidarismo, dado que a teoria situacionista representava uma das principais variantes do pensamento de extrema esquerda na França. A aura polêmica em torno do autor começou a se dissipar apenas após sua morte, em 1994, seguindo-se um paulatino processo de revalorização e mesmo de institucionalização de sua obra, que culminou com a compra de seus arquivos pela Biblioteca Nacional da França, em 2010. Apesar da diversidade de seu pensamento e das nuances históricas de sua recepção, no Brasil Debord ainda é conhecido prioritariamente como o autor de A sociedade do espetáculo, livro de 1967 que é, sem dúvida, seu trabalho teórico mais relevante. Todavia, o desconhecimento da trajetória do autor, junto ao fato de sua obra ter sido traduzida com trinta anos de atraso, determina por vezes uma recepção equivocada.
Antes de tudo, é necessário lembrar que Guy Debord não era filósofo de profissão e que sequer possuía formação universitária. Ele havia iniciado seu percurso como jovem poeta e, como outros de sua geração, almejou reavivar o legado de dadá e do surrealismo na Paris do pós Segunda Guerra. Em 1951, contando apenas vinte anos de idade, filiou-se ao letrismo, vanguarda fundada pelo poeta romeno Isidore Isou. Um ano mais tarde, rom
Assine a Revista Cult e
tenha acesso a conteúdos exclusivos
Assinar »