Neoliberalismo, nacional-populismo e “A personalidade autoritária”

Neoliberalismo, nacional-populismo e “A personalidade autoritária”
Manifestação pró-governo na avenida Paulista, em São Paulo (Foto: Domínio Público)
  Contra a tese que apresenta a última eclosão do populismo autoritário como um sinal do fim do neoliberalismo e, portanto, como fenômeno de resistência a ele, penso que a virada autoritária responde mais a uma estratégia de reorganização neoliberal que procura reforçar suas estruturas e lógicas fundamentais. Após a primeira fase de um neoliberalismo de erosão destrutivo e desregulador – cujos objetivos são conhecidos como Consenso de Washington: privatização, desregulamentação, liberalização, cortes nos gastos públicos e desburocratização –, assistimos, como salientaram Jamie Peck e Adam Tickell, a uma segunda fase de expansão ou deep neoliberalism, com características diferentes, ou seja, com uma recuperação da ação regulatória do Estado para promover a globalização e favorecer a concorrência. Do ponto de vista corporativo, essa segunda fase assume a forma de estratégias de deslocalização, transferência de empregos para países com custos trabalhistas menores, terceirização da força de trabalho, produção otimizada e no tempo exato (lean-and-just-in-time-production), entre outras. Do ponto de vista financeiro, isso resulta em desregulamentação quase total dos mercados de capitais, em reorientação da reprodução para um keynesianismo privatizado (privatização dos benefícios de aposentadoria, endividamento das famílias para sustentar o consumo e a educação, criação de bolhas imobiliárias ou de aluguel), em reformas do mercado de trabalho para cortar salários e direitos dos trabalhadores que favorecem a p

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