Na corda bamba da história

Na corda bamba da história
Ocupação do Complexo Cultural Funarte contra o governo interino (Foto Rovena Rosa / Agência Brasil)
  Cerca de noventa pessoas se acomodam no Centro de Convivência Waly Salomão para ouvir Vladimir Safatle. A aula pública “Reler Marx”, ministrada pelo professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, é a primeira atividade prevista para o vigésimo nono dia de ocupação na sede da Funarte (Fundação Nacional de Artes), em São Paulo. No salão transformado em sala de aula há gente de todas as idades. À noite, haveria ainda roda de conversa na área externa – sob um frio de 11ºC –, show da cantora Ellen Oléria, e mais uma rodada da aula de Safatle, que novamente preencheria todo o espaço com outra leva de alunos. “Em um momento, digamos, apocalíptico e sombrio, conseguimos criar por meio da cultura uma zona autônoma e livre”, diz o artista Pedro Paulo Rocha, 38, filho do cineasta Glauber Rocha e um dos ocupantes da Funarte. A rotina de atividades não é exclusividade da capital paulista e se repete em outros prédios públicos ligados ao Ministério da Cultura nos 26 Estados brasileiros e no Distrito Federal. Espalhada por todo o país, a onda de ocupações foi uma resposta imediata do setor cultural a uma das primeiras medidas adotadas pelo presidente interino Michel Temer, que determinou, no dia 12 de maio, o fim do MinC como Ministério autônomo, transformando-o em Secretaria Nacional da Cultura vinculada ao Ministério da Educação. Temer voltou atrás na decisão apenas nove dias depois, após protestos e pressões da classe artística e de setores da sociedade civil. A reação organizada contra a extinçã

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