A força da revolução e os limites da democracia
Edição do mês(Arte Revista CULT)
É claro que vivemos em um momento histórico de fortalecimento do ceticismo em relação à democracia. No entanto, há de se perguntar se todas as formas de tal ceticismo são meras expressões de regressão social diante da insegurança econômica generalizada e do aumento do medo como afeto fundamental de coesão social. Seriam todas estas formas de ceticismo impulsionadas pela procura por figuras autoritárias de poder capazes de ser a expressão do ressentimento gerado pela experiência da despossessão social e da insegurança? Ou haveria formas de ceticismo em relação à democracia que expressariam algo outro, a saber, o descontentamento com o modo de existência que a democracia liberal procura naturalizar enquanto a forma mesma da liberdade e da emancipação? Como se, neste caso, houvesse um mal-estar vinculado a uma espécie de paradoxo imanente da democracia. O paradoxo próprio a um discurso que promete realizar socialmente a liberdade no mesmo momento em que a impede. Ou seja, partamos da questão: seria possível criticar a democracia, tal como a conhecemos hoje, em nome da liberdade e da emancipação?
Note-se que não se trata apenas de afirmar que a democracia liberal, como a conhecemos, estaria tão articulada à preservação de setores hegemônicos da economia que suas promessas de igualdade nunca poderiam se realizar. Como se uma maior regulação dos agentes econômicos e uma política efetiva de redistribuição pudesse enfim garantir as condições de liberdade social e desenvolvimento das singularidades. Ou seja, como se a críti
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