Vertentes para além da ficção
Parte da graphic novel 'Maus', de Art Spiegelman (1991)
Como suporte versátil que é, as histórias em quadrinhos têm cumprido o papel de divulgar clássicos de sua prima mais velha, a literatura, quase sempre com resultados facilitadores e simplistas. Em chave mais nobre, costuma servir de espaço a outros gêneros literários, como biografias, memórias, ensaio e jornalismo, comprovando o amadurecimento do meio e a abrangência de seu público habitual.
Essa vertente não ficcional foi inaugurada com a publicação da primeira parte de Maus em 1986 (A história de um sobrevivente), obra autobiográfica de Art Spiegelman que reportava com minúcia (e sentido de humor bastante cáustico, então inimaginável para o tema) a sobrevivência do pai do autor no campo de extermínio de Auschwitz e suas consequências. O álbum, completado em 1991 com a segunda parte (E aqui meus problemas começaram), enquadra-se na literatura de testemunho, mas também inaugura um tipo de relato que registra a estupefação dos filhos de sobreviventes e seu árduo convívio com a herança do Holocausto.
A influência de Spiegelman decorrente do Prêmio Pulitzer concedido a Maus em 1992 (o primeiro dedicado aos quadrinhos) está evidente na investigação jornalística promovida pelos livros de Joe Sacco. Com Palestina – Uma nação ocupada (ganhadora do American Book Award em 1996, publicada no Brasil pela Conrad em 2002), o norte-americano nascido em Malta em 1960 inaugurou sua linha de investigação de conflitos no Oriente Médio, com especial atenção à questão árabe, em diálogo profícuo com autores do jornalismo literá
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