Vencedor do Jabuti, quadrinista tem obra censurada em exposição no Pará

Vencedor do Jabuti, quadrinista tem obra censurada em exposição no Pará
Capa da HQ 'Castanha do Pará', retirada de exposição no Pará após reclamação de policial (Gidalti Moura Jr/Reprodução)

 

Nesta segunda (16), a capa do quadrinho Castanha do Pará primeiro vencedor do gênero dentro do Prêmio Jabuti, em 2017 – foi removida de uma exposição no Parque Shopping Belém, no Pará. A ilustração do quadrinista Gidalti Moura Jr., que mostra um menino de rua sendo perseguido por um policial com um cassetete na mão no Mercado Ver-o-Peso (um dos mercados públicos mais antigos do país), recebeu críticas de um policial militar no Facebook.

“Fiquei sabendo [da censura] de surpresa, quando pessoas que conheço foram visitar a exposição e me mandaram fotos do lugar onde estaria minha obra – havia um grande nada, um grande vazio, em vez do desenho”, diz Gidalti, que denunciou a retirada da obra em suas redes sociais.

Segundo o autor, a curadoria da exposição teria removido sua ilustração após reclamações de um policial militar que, no Facebook, se identifica apenas como Cabo Mauro. “Eu, como policial que trabalha junto com os feirantes do Ver-o-Peso, me senti ofendido. Se ninguém do Comando da PM, associações, ou qualquer representante político não processar, eu vou processar”, escreveu na sua página do Facebook no dia 16 de abril.

Depois da reclamação, a obra de Gildati foi substituída, sem consulta ao autor, por uma página interna do quadrinho. Em nota, o shopping e a organização da exposição afirmaram que “a mudança ocorreu diante de manifestações de frequentadores do shopping que se sentiram incomodados com a cena de violência, no espaço que é frequentado por crianças”.

“Acho [a explicação] impertinente. Se você entrar em qualquer livraria, vai encontrar um material muito mais violento. Qualquer um que olhe a capa não vai conseguir classificar como inadequada a crianças; é uma desculpa totalmente aleatória. A retirada [da obra], na verdade, responde a uma demanda de grupos que têm afetividade com correntes extremistas da polícia militar”, afirma o quadrinista.

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