Uma sequência de atos
Cena do longa 'Laurence anyways', de 2012 (Divulgação)
Uma garota indisciplinada que não seguia regras e costumava contestar os professores. Uma garota-problema, ainda que reconhecida como inteligente. Assim Judith Butler se lembra de ter sido caracterizada na infância. Por matar aulas e desobedecer às ordens, o diretor da escola advertiu seus pais que ela poderia vir a ser uma delinquente. Havia que desviá-la do mau caminho, e o corretivo encontrado foi obrigá-la a ter aulas particulares com o rabino. No entanto, contrariando o que pensavam, o castigo pareceu-lhe “uma coisa formidável”. Ela adorava ouvir o rabino, fazia-lhe as mais incríveis perguntas e, acolhida por ele, discutia temas improváveis para quem estava apenas entrando na adolescência.
O caráter inquieto, um toque de rebeldia, a constante desconfiança em relação ao que é posto como estabelecido e definitivo parecem ter se tornado seus traços mais marcantes. Se a menina gostava de fazer perguntas, a mulher continuou se mostrando uma questionadora incorrigível; a intelectual passou a pôr em xeque “verdades” consagradas; e a escritora... Bem, seus textos tornaram-se mais famosos pelas indagações que propõem do que pelas soluções ou respostas que eventualmente fornecem.
Avessa a palavras de ordem, essa mulher, dita feminista, também não se absteve de pôr em questão algumas das consagradas proclamações do feminismo. Em 1990, ela lançou Problemas de gênero – feminismo e subversão da identidade , um livro pleno de questionamentos e provocações que até hoje é, provavelmente, sua obra mais conhecida. Na capa da e
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